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"LUCRO MÓRBIDO"
Nomes de sites e objetos relacionados a John Jr. são oferecidos na rede mundial de computadores
Tragédia alimenta comércio na Internet
MARCIO AITH
de Washington
"Estou extremamente triste com a
trágica morte de
John Kennedy Jr.,
de Carolyn Kennedy Bessette e de
Lauren Bessette. Algumas pessoas
consideram sórdido usar o episódio para ganhar dinheiro. Eu não
penso dessa maneira".
Com esse texto de apresentação,
Adam Island, "comerciante virtual" que ganha a vida oferecendo
bens em leilões na Internet, colocou à venda um produto curioso.
No dia seguinte ao desaparecimento do avião de Kennedy Jr.,
Island registrou o domínio de um
endereço de Internet com o nome
www.Kennedyaccident.com.
Agora, quer vendê-lo por US$
2.000.
"Esse é apenas um dos trágicos
acidentes envolvendo a família
Kennedy. Um site histórico pode
ser facilmente construído usando
esse nome", justificou ele ao descrever seu produto.
Não é o único nem o mais caro
endereço eletrônico colocado à
venda desde que a queda do monomotor pilotado pelo filho do
presidente morto em 1963 tornou-se pública, no sábado passado. O endereço www.KennedyConspiracy.com, por exemplo, é
vendido por US$ 10 mil, e o
www.J-F-Kennedy-Jr, por U$ 50
mil.
O leilão de endereços é só uma
pequena ponta do comércio lúgubre criado em torno da morte de
Kennedy Jr. Milhares de bens pessoais, revistas com fotos de "John-John" e objetos autografados por
ele viraram bens valiosos.
Notas de US$ 1 autografadas estão sendo leiloadas por lances mínimos de US$ 500 na E-Bay, a
maior casa de leilões virtuais do
mundo. Também estão à venda
bolas de beisebol autografadas e
até recibos de compras feitas com
seu cartão de crédito. "Eu era garçonete num restaurante em Nova
York frequentado por John-John.
Estou vendendo um recibo original de um cartão de crédito usado
por ele para pagar uma conta de
US$ 40 em 21 de setembro de 98.
O recibo contém sua assinatura e
o nome JK Kennedy impresso. É
um item raro, que pretendo vender por US$ 800", diz a mulher
que se apresenta na Internet como "Elroy192".
Esse comércio revela o outro lado do intenso sentimento de pesar nos EUA pela morte do filho
de John F. Kennedy.
"Não existe somente amor dos
EUA com os Kennedy. Existe
também curiosidade mórbida",
disse à Folha Jason Fleming, que
vendeu ontem a primeira edição
da revista "George", criada e editada por Kennedy Jr., por US$ 40.
"Todos nós crescemos vendo pela
TV e desejando mais detalhes das
sucessivas tragédias que atingiram a família. Esse comércio é
parte da curiosidade de todos."
Alguns não concordam: "Não
existe morbidez. Apenas carinho.
As pessoas querem guardar itens
que as façam recordar aqueles pelos quais têm admiração e que
morreram", disse uma pessoa que
se identificou como "Jackmsell" e
que está tentando vender a primeira edição da revista "George",
autografada por Kennedy Jr, por
US$ 811.
Os produtos que podem dar
mais lucro, no entanto, não foram
oferecidos até agora.
"Há interessados em comprar
pedaços do avião ou da bagagem
dos mortos no acidente. A venda
desses objetos está proibida pela
polícia, mas acredito que, em alguns dias, eles aparecerão em algum leilão", disse Fleming.
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