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IRAQUE OCUPADO
Primo de Saddam foi responsável por ataque a curdos em 1988
EUA prendem "Ali Químico", antes dado como morto
DA REDAÇÃO
Os EUA anunciaram ontem a
prisão de Ali Hassan al Majid, conhecido como "Ali Químico",
primo do ex-ditador Saddam
Hussein e uma das figuras mais
influentes -e temidas- do antigo regime iraquiano.
O apelido "Ali Químico" é motivado por sua participação no ataque com armas químicas realizado pelo regime de Saddam contra
uma cidade curda em 1988, que
matou cerca de 5.000 pessoas.
Majid havia sido escolhido por
Saddam para coordenar a defesa
do sul do Iraque durante a invasão do país pelos EUA e pelo Reino Unido. Ele era o quinto colocado na lista dos 55 homens próximos a Saddam mais procurados
pelas forças americanas e o rei de
espadas no baralho distribuído
pelos EUA.
Em abril, em plena Guerra do
Iraque, sua morte havia sido
anunciada pelas forças do Reino
Unido após sua casa em Basra, no
sul do país, ter sido bombardeada.
Militares britânicos chegaram a
dizer que seu corpo teria sido retirado dos escombros, mas, em junho, prisioneiros iraquianos interrogados pelos EUA indicaram
que ele ainda estava vivo.
"Obviamente, ele não estava lá
[em sua casa em Basra] e, se estava, sobreviveu ao ataque", disse o
porta-voz do Comando Central
dos EUA, o tenente Ryan Fitzgerald, ontem.
O general John Abizaid, chefe
do Comando Central, disse que
Majid deve ter tido um papel nos
ataques contra as forças de ocupação dos EUA durante o período
em que esteve foragido.
"Eu realmente não gostaria de
falar sobre detalhes da captura",
afirmou, "mas diria que Ali Químico esteve ativo, de diferentes
maneiras [nas últimas semanas]".
As forças americanas também
anunciaram a detenção do general Rashid Mohammad, um alto
comandante da milícia Fedayin,
acusada de diversos ataques contra soldados dos EUA, durante e
após a guerra.
Desde 1º de maio, quando o presidente dos EUA, George W.
Bush, anunciou que a fase mais
violenta dos combates no Iraque
havia terminado, 63 soldados
americanos morreram em consequência de ataques.
Anteontem à noite, mais um
soldado morreu e dois foram feridos pela explosão de um artefato
num distrito de Bagdá (capital).
Segundo os EUA, o general Mohammad foi preso num posto de
controle perto de Baquba, cidade
situada no "triângulo sunita", região ao nordeste de Bagdá onde a
resistência de antigos integrantes
do regime de Saddam à ocupação
americana é especialmente forte.
É nessa região que fica Tikrit, cidade de origem de Saddam.
Também em Baquba, soldados
dos EUA invadiram uma casa na
quarta-feira à noite após receber
informações de que o ex-ditador
iraquiano estava no local.
"Encontramos alguns parentes
e pessoas relacionadas, mas ele
não estava lá", afirmou o major
Raymond Odierno. Os EUA ofereceram US$ 25 milhões por informações que levem à captura de
Saddam ou comprovem sua morte. Seus filhos Uday e Qusay morreram no mês passado numa operação feita por tropas americanas
na cidade de Mossul (norte).
Segundo Odierno, Saddam deve estar escondido no "triângulo
sunita". "Ele terá de continuar a se
mover sem parar. Caso contrário,
nós o pegaremos", disse.
Resgate de corpos
Ontem, mais três corpos foram
retirados dos escombros da sede
da ONU em Bagdá. Embora o número oficial de mortos continue
sendo 20, levantamento da agência Associated Press em hospitais
locais revela que 23 pessoas morreram. A Reuters fala em 24. Uma
filipina que era dada como morta
foi encontrada viva ontem num
hospital da capital iraquiana.
Entre as vítimas, está o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, 55, que
era o representante especial do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em Bagdá. Seu corpo será
trazido ao Brasil por um avião da
FAB (Força Aérea Brasileira) e deverá ser velado no Rio amanhã
(leia texto na página A12).
Ao menos 86 funcionários gravemente feridos aguardavam ontem remoção do Iraque. As Nações Unidas anunciaram também
a retirada de um terço de seus cerca de 300 funcionários no país,
mas afirmou não ter planos de intensificar as medidas de segurança em sua sede no Iraque.
"Sempre seremos um alvo fácil.
Estamos conscientes disso, mas é
assim que operamos. Nós somos
uma organização aberta", afirmou o coordenador de programas humanitários da ONU no
Iraque, Ramiro Lopes da Silva.
Com agências internacionais
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