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São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Primo de Saddam foi responsável por ataque a curdos em 1988

EUA prendem "Ali Químico", antes dado como morto

DA REDAÇÃO

Os EUA anunciaram ontem a prisão de Ali Hassan al Majid, conhecido como "Ali Químico", primo do ex-ditador Saddam Hussein e uma das figuras mais influentes -e temidas- do antigo regime iraquiano.
O apelido "Ali Químico" é motivado por sua participação no ataque com armas químicas realizado pelo regime de Saddam contra uma cidade curda em 1988, que matou cerca de 5.000 pessoas.
Majid havia sido escolhido por Saddam para coordenar a defesa do sul do Iraque durante a invasão do país pelos EUA e pelo Reino Unido. Ele era o quinto colocado na lista dos 55 homens próximos a Saddam mais procurados pelas forças americanas e o rei de espadas no baralho distribuído pelos EUA.
Em abril, em plena Guerra do Iraque, sua morte havia sido anunciada pelas forças do Reino Unido após sua casa em Basra, no sul do país, ter sido bombardeada. Militares britânicos chegaram a dizer que seu corpo teria sido retirado dos escombros, mas, em junho, prisioneiros iraquianos interrogados pelos EUA indicaram que ele ainda estava vivo.
"Obviamente, ele não estava lá [em sua casa em Basra] e, se estava, sobreviveu ao ataque", disse o porta-voz do Comando Central dos EUA, o tenente Ryan Fitzgerald, ontem.
O general John Abizaid, chefe do Comando Central, disse que Majid deve ter tido um papel nos ataques contra as forças de ocupação dos EUA durante o período em que esteve foragido.
"Eu realmente não gostaria de falar sobre detalhes da captura", afirmou, "mas diria que Ali Químico esteve ativo, de diferentes maneiras [nas últimas semanas]".
As forças americanas também anunciaram a detenção do general Rashid Mohammad, um alto comandante da milícia Fedayin, acusada de diversos ataques contra soldados dos EUA, durante e após a guerra.
Desde 1º de maio, quando o presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou que a fase mais violenta dos combates no Iraque havia terminado, 63 soldados americanos morreram em consequência de ataques.
Anteontem à noite, mais um soldado morreu e dois foram feridos pela explosão de um artefato num distrito de Bagdá (capital).
Segundo os EUA, o general Mohammad foi preso num posto de controle perto de Baquba, cidade situada no "triângulo sunita", região ao nordeste de Bagdá onde a resistência de antigos integrantes do regime de Saddam à ocupação americana é especialmente forte. É nessa região que fica Tikrit, cidade de origem de Saddam.
Também em Baquba, soldados dos EUA invadiram uma casa na quarta-feira à noite após receber informações de que o ex-ditador iraquiano estava no local.
"Encontramos alguns parentes e pessoas relacionadas, mas ele não estava lá", afirmou o major Raymond Odierno. Os EUA ofereceram US$ 25 milhões por informações que levem à captura de Saddam ou comprovem sua morte. Seus filhos Uday e Qusay morreram no mês passado numa operação feita por tropas americanas na cidade de Mossul (norte).
Segundo Odierno, Saddam deve estar escondido no "triângulo sunita". "Ele terá de continuar a se mover sem parar. Caso contrário, nós o pegaremos", disse.

Resgate de corpos
Ontem, mais três corpos foram retirados dos escombros da sede da ONU em Bagdá. Embora o número oficial de mortos continue sendo 20, levantamento da agência Associated Press em hospitais locais revela que 23 pessoas morreram. A Reuters fala em 24. Uma filipina que era dada como morta foi encontrada viva ontem num hospital da capital iraquiana.
Entre as vítimas, está o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, 55, que era o representante especial do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em Bagdá. Seu corpo será trazido ao Brasil por um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) e deverá ser velado no Rio amanhã (leia texto na página A12).
Ao menos 86 funcionários gravemente feridos aguardavam ontem remoção do Iraque. As Nações Unidas anunciaram também a retirada de um terço de seus cerca de 300 funcionários no país, mas afirmou não ter planos de intensificar as medidas de segurança em sua sede no Iraque.
"Sempre seremos um alvo fácil. Estamos conscientes disso, mas é assim que operamos. Nós somos uma organização aberta", afirmou o coordenador de programas humanitários da ONU no Iraque, Ramiro Lopes da Silva.


Com agências internacionais

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