São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002

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VENEZUELA

Para o governo, opositores mantêm "posição golpista'; OEA havia pedido a grupo para evitar "medidas drásticas"

Oposição a Chávez convoca greve geral para o dia 2

DA REDAÇÃO

A oposição venezuelana convocou ontem uma paralisação geral para o dia 2 de dezembro para protestar contra o presidente Hugo Chávez e pedir sua renúncia.
A paralisação foi convocada pela Confederação dos Trabalhadores da Venezuela (CTV, principal associação sindical do país) e pela Fedecámaras (principal associação patronal do país).
As duas entidades são as mesmas que haviam organizado uma grande greve geral em abril, que culminou com o golpe frustrado contra Chávez, após uma megamanifestação em Caracas. Chávez foi afastado por dois dias da Presidência, mas retornou graças à ação de simpatizantes civis e militares leais a ele.
O governo rechaçou a convocação da greve e acusou a oposição de manter posições golpistas. Em um comunicado lido pela ministra do Trabalho, María Cristina Iglesias, o governo pediu a manifestação do presidente da OEA (Organização dos Estados Americanos), César Gaviria, que está no país para tentar mediar um diálogo entre governo e oposição.

"Paralisação cívica"
"No próximo dia 2 de dezembro, às 6h, começa essa grande paralisação cívica nacional", afirmou ontem o presidente da CTV, Carlos Ortega, ladeado pelo presidente da Fedecámaras, Carlos Fernández, e pelo dirigente político Antonio Ledezma. Fernández substituiu na presidência da entidade a Pedro Carmona, que tomou o lugar de Chávez nos dois dias em que o presidente esteve afastado -hoje, Carmona vive exilado na Colômbia.
Ortega não quis dizer se a paralisação terá duração definida -e ela pode inclusive ser deflagrada antes. "Se as circunstâncias, em um dado momento, nos obrigarem a ordenar a ação para antes do dia 2 de dezembro, a Coordenação Democrática [associação de partidos e grupos civis de oposição], a CTV, a Fedecámaras e o povo da Venezuela iniciaremos a paralisação antes do dia 2", disse.
Antes do anúncio da greve, Gaviria havia pedido que a oposição não tomasse atitudes "drásticas" para não prejudicar o diálogo. "Espero que não tomem decisões que signifiquem o fim da mesa de diálogo", afirmou ele em Caracas, antes de se reunir com integrantes da Coordenação Democrática.
A oposição quer a renúncia de Chávez e a convocação de eleições antecipadas. No início do mês, a Coordenação Democrática apresentou à Justiça eleitoral um abaixo-assinado com 1,5 milhão de assinaturas para um referendo para pedir a renúncia de Chávez.
Chávez, que tem mandato até 2007, rejeita a possibilidade de renunciar e diz que seguirá a Constituição, que só permite a realização de um referendo a partir de agosto do ano que vem, quando seu mandato chega à metade.


Com agências internacionais


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