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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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GUERRA SEM LIMITES

Terroristas suicidas seriam turcos; segurança no país é reforçada diante de ameaça de mais ataques

Turquia prende suspeitos de atentados

Kai Pfaffenbach/Reuters
Noiva de Ahmet Baha, estudante de 17 anos morto nos ataques, chora no funeral em Istambul


DA REDAÇÃO

A polícia turca anunciou ontem a prisão de "vários suspeitos" -sem especificar o número- de envolvimento nos atentados contra o consulado britânico e o escritório do banco HSBC, que mataram ao menos 27 pessoas e feriram cerca de 450, anteontem, em Istambul.
O jornal turco "Hurriyet" informou que a polícia estaria interrogando sete pessoas a respeito dos ataques e teria identificado os terroristas suicidas -os atentados foram executados com dois veículos-bomba- como Azad Ekinci, 27, e Feridun Ugurlu. Os dois são cidadãos turcos e haviam sido apontados como cúmplices de ataques semelhantes contra duas sinagogas no sábado passado, que causaram a morte de ao menos 25 pessoas, também em Istambul.
Ekinci e Ugurlu, diz o "Hurriyet", teriam viajado para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, no último dia 28. Ekinci, que seria colega de escola de um dos suspeitos de atacar as sinagogas, teria viajado também para o Irã e para o Paquistão, onde teria recebido treinamento militar entre 1997 e 1999, e lutado na Tchetchênia.
O chanceler turco, Abdullah Gul, confirmou que foram feitas prisões, mas não deu detalhes. "Algumas pessoas foram presas, mas ainda é muito cedo para darmos informações a respeito", declarou ele em uma entrevista coletiva. O governador de Istambul, Muammer Guler, disse que não daria novas informações "pelo bem das investigações".
Na quarta-feira, véspera dos atentados, a polícia havia anunciado a prisão de seis pessoas suspeitas de envolvimento no ataque às sinagogas. Os dois terroristas suicidas foram identificados como cidadãos turcos que, segundo o chanceler Gul, teriam recebido treinamento no Afeganistão.

Segurança reforçada
O Conselho Nacional de Segurança da Turquia -grupo consultivo formado por líderes políticos e comandantes militares- se reuniu em Ancara para debater relatórios de inteligência dando conta de que milícias islâmicas locais estariam colaborando com a Al Qaeda, responsável pelo 11 de Setembro. Ao menos três grupos reivindicaram a autoria dos ataques -os três se disseram ligados à rede de Osama bin Laden.
Segundo especialistas, a aparente sincronia entre os ataques, sua escala portentosa e os alvos civis são marcas da Al Qaeda.
Em conversa com o presidente dos EUA, George W. Bush, o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que está "lado a lado" com os EUA na luta contra o terrorismo, informou a Casa Branca.
Sindicatos turcos marcaram para hoje protestos pacíficos.
Após os ataques, as forças de segurança turcas estão sob alerta máximo. Prédios públicos e instituições estrangeiras reforçaram a segurança, e a polícia em Istambul passou a inspecionar picapes -uma van e uma picape foram usadas nos ataques de anteontem. Policiais e especialistas do Reino Unido em terrorismo também trabalham nas investigações.
Barricadas guardavam o prédio do HSBC -no qual trabalhavam cerca de 600 pessoas no momento da explosão- enquanto especialistas buscavam pistas entre os escombros. O banco, que perdeu dois funcionários no ataque, reabriu suas agências na Turquia após fechá-las na quinta-feira.
A polícia também montava guarda em frente a um shopping center do outro lado da rua -a principal avenida do distrito financeiro da cidade- cuja fachada foi danificada pela explosão. O prédio abriga lojas e restaurantes de franquias ocidentais.
O Reino Unido -que perdeu pelo menos quatro cidadãos no ataque ao seu consulado, incluindo o cônsul-geral, Roger Short- emitiu um alerta de segurança e exortou os britânicos a evitar viagens à Turquia. Segundo o chanceler Jack Straw, que viajou para Istambul após os ataques, a decisão tem como base informações dos serviços secretos de que novos ataques poderiam ocorrer no país. Ontem, uma bomba incendiária foi arremessada contra a Embaixada do Reino Unido em Teerã, mas ninguém se feriu.
Os EUA emitiram um alerta semelhante, embora não tenham elevado seu nível de alerta -atualmente no amarelo, que significa "risco elevado" e está no meio da escala. O consulado americano em Istambul continua aberto, mas o serviço de vistos foi suspenso. A Alemanha e a Austrália também emitiram alertas.

Com agências internacionais

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