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São Paulo, sábado, 22 de novembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Medida serviria para fazer avançar processo de paz num momento em que o premiê sofre críticas e perde apoio

Sharon planeja desmantelar colônias em 2004, diz TV

DA REDAÇÃO

O premiê de Israel, Ariel Sharon, planeja remover algumas colônias judaicas de Gaza e da Cisjordânia até meados de 2004, disse ontem a TV israelense Canal 2.
Comentando a notícia para a agência Reuters, uma fonte do governo disse: "Existe esse debate, mas por enquanto só em relação a Gaza. Muita coisa pode acontecer até a metade do ano que vem".
A medida seria a maior ação do governo Sharon em apoio ao novo plano de paz para a região, patrocinado por EUA, União Européia, ONU e Rússia, que prevê o desmantelamento da estrutura terrorista palestina e ações de Israel que levem à criação de um Estado palestino.
Segundo a TV, que não especificou quantos assentamentos poderiam ser desmantelados, os colonos seriam transferidos para a região desértica do Neguev (sul).
A reportagem foi divulgada horas depois de fontes políticas terem anunciado a intenção de Sharon de lançar um pacote de medidas conciliatórias. O objetivo seria responder a crescentes críticas internas e externas de que seu governo não consegue retomar o processo de paz e combater o terrorismo palestino eficazmente.
Sharon pretende anunciar sua iniciativa durante a reunião de cúpula que terá com o primeiro-ministro palestino, Ahmed Korei, prevista para os próximos dias.
As medidas foram idealizadas após as críticas incomumente duras formuladas nesta semana pelo presidente dos EUA, George W. Bush, em relação à barreira que Israel está construindo em território ocupado na Cisjordânia, além das ameaças de Washington de reduzir os US$ 9 bilhões em garantias de empréstimos como punição pela construção.
Elas chegam, também, num momento em que o mais importante general israelense formulou críticas à maneira como Sharon vem lidando com o conflito e que políticos oposicionistas e lideranças palestinas despertaram o interesse do público com o Acordo de Genebra, uma proposta de paz alternativa. "Sharon não gosta do vácuo político que se criou, de modo que quer modificar a situação", comentou uma fonte.
O premiê, que vem insistindo na necessidade de adoção de medidas intransigentes nas áreas palestinas para impedir a ação dos terroristas suicidas, falou indiretamente sobre seu novo plano na quinta-feira, numa conferência empresarial em Tel Aviv: "Não excluímos a possibilidade de dar passos unilaterais".
Um confidente do premiê disse que ele não revelou detalhes do plano nem mesmo a seus assessores mais próximos.
O confidente afirmou que as novas medidas podem incluir um afrouxamento "humanitário" do bloqueio militar israelense nas áreas palestinas, a retirada do Exército de uma ou mais cidades da Cisjordânia e a retomada do desmonte de assentamentos judaicos nos territórios ocupados.
A popularidade de Sharon está em queda, principalmente por seu fracasso em encontrar uma saída para os mais de três anos de derramamento de sangue da revolta palestina, a Intifada.
Uma pesquisa publicada pelo jornal "Yedioth Ahronoth" mostrou que 49% dos israelenses concordam -e 41% discordam- de quatro ex-chefes de segurança que disseram que o tratamento que Israel dá aos palestinos é prejudicial aos interesses nacionais de Israel.
Mas a pesquisa também indicou que 61% dos entrevistados acham que a política adotada por Israel em relação aos palestinos ou é branda demais ou é correta, e apenas 35% a descrevem como intransigente demais.


Com agências internacionais

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