São Paulo, Domingo, 23 de Janeiro de 2000


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PRIMÁRIAS
Democratas e republicanos iniciam amanhã disputa por candidatura presidencial; Gore e Bush são favoritos
Partidos nos EUA escolhem candidatos

MALU GASPAR
de Nova York

Duas convenções partidárias no pequeno Estado de Iowa, na região central dos Estados Unidos, iniciam amanhã a corrida dos partidos para escolher os candidatos que buscam suceder o presidente Bill Clinton.
Até o final de março, oito pretendentes ao posto de candidato pelos dois principais partidos do país, o Republicano e o Democrata, estarão concorrendo nas eleições primárias, primeira etapa do processo eleitoral.
Por esse processo, eleitores norte-americanos poderão votar em chapas de delegados que apontarão o candidato de cada partido em suas convenções nacionais, que ocorrem em agosto.
Como os delegados declaram antecipadamente com que candidato estão comprometidos, ao final das primárias já se poderá saber quem serão os indicados. As convenções nacionais acabam só por ratificar os nomes.
O caráter competitivo das eleições primárias deste ano contrasta com o cenário de 96. Agora, o número de pré-candidatos é maior do que há quatro anos. Daquela vez, Clinton não tinha concorrentes, e entre os republicanos, Bob Dole derrotou com folga Pat Buchanan.
Neste ano, os favoritos são o vice-presidente, Al Gore, e o governador do Texas e filho do ex-presidente Bush, George W. Bush, republicano.
Por causa da disputa apertada em alguns Estados, eles terão um pouco mais de trabalho para ganhar a indicação. Mas as pesquisas divulgadas até agora mostram que, ao final do processo, os dois provavelmente estarão se enfrentando pela sucessão de Clinton.
Já o democrata Bill Bradley e o republicano John McCain, principais concorrentes de Gore e Bush nas primárias, não têm boa performance no cenário nacional apesar da vantagem em alguns Estados. Os dois são senadores que entraram na política depois de ficar conhecidos como heróis -um no basquete e outro na Guerra do Vietnã.
Eles estão concentrando esforços na criação de um efeito surpresa que possa impulsionar suas pré-campanhas a ponto de ganharem a indicação. "Toda primária é bastante disputada, mas não parece que dessa vez Gore e Bush tenham suas maiorias ameaçadas", afirma William Mayer, professor de ciência política da Northeastern University, em Boston (Costa Leste dos Estados Unidos).
"Mesmo assim, Bradley e McCain só concorrem porque acreditam que o jogo possa virar e fatos novos venham a ocorrer. Não podemos nos esquecer que, quando Bill Clinton disputou uma primária pela primeira vez, ele era um obscuro governador de Arkansas e acabou ganhando a indicação", completa Mayer.
A avaliação é a mesma do professor da Universidade de Rochester Ross Baker, para quem é muito difícil disputar com o apoio do presidente Clinton, do lado de Gore, e a rica campanha eleitoral do governador do Texas.
"Surpresas acontecem, mas Gore e Bush são incomparavelmente mais fortes que os outros", afirma Baker.
As primárias de Iowa e a de New Hampshire, que acontecem nos próximos dias, são consideradas importantes para dar fôlego à campanha. Tanto assim que John McCain passou as últimas semanas só fazendo campanha em New Hampshire.

Favoritismo
No cenário nacional, as pesquisas de opinião indicam Bush como favorito.
Mas, depois de oito anos de governo Clinton, com a economia do país crescendo sem parar durante esse período e o desemprego em baixa, os analistas consideram muito difícil haver mudanças significativas na próxima Presidência, mesmo que Bush saia vencedor nas eleições do próximo dia 7 de novembro.
"Os norte-americanos estão muito cautelosos, querem evitar mudanças radicais, e os candidatos sentem isso. Gore representaria um pouco mais da mesma política, mas Bush é conservador o bastante para não fazer grandes mudanças", afirma Baker.


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