São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Brigadas dos Mártires de Al Aqsa assumem ataque na véspera da audiência em Haia sobre barreira israelense

Homem-bomba mata 8 em ônibus de Israel

Reinhard Krause/Reuters
Membros de uma equipe de resgate israelense examinam os destroços do ônibus destruído por homem-bomba, em Jerusalém


DA REDAÇÃO

Oito pessoas foram mortas e cerca de 60 foram feridas ontem em Jerusalém por um homem-bomba palestino que detonou a si mesmo dentro de um ônibus lotado. O grupo terrorista Brigadas dos Mártires de Al Aqsa -ligado ao movimento Fatah, ao qual pertence o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat- assumiu a autoria do ataque e divulgou um vídeo do terrorista suicida, Mohammed Zaal, 23.
O atentado seria uma resposta à barreira que Israel ergue na fronteira com a Cisjordânia, alegando ser uma medida de segurança, e a um ataque em Gaza que matou 15 palestinos no último dia 11. Hoje a Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, inicia uma série de audiências sobre a barreira.
Após as sessões, que poderão ser acompanhadas pelo site www.icj-cij.org, a CIJ emitirá um parecer sobre a legalidade da barreira, que adentra trechos do território palestino.
"Espero que os 15 juízes em Haia entendam a mensagem. Se houvesse uma cerca em torno de Jerusalém, não teria ocorrido esse ataque", disse o ministro da Justiça de Israel, Yosef Lapid.
Arafat condenou o ataque, dizendo que o momento é "injustificável" e "prejudicial à campanha" contra a barreira.
O premiê Ahmed Korei afirmou que "é preciso pôr fim a esses atos, que servem de pretexto para Israel seguir com a construção a barreira, os assassinatos e os ataques a civis palestinos".
Ontem Israel começou a destruir um trecho de 8 km da construção que isolava cerca de 8.000 palestinos da vila de Zeita do território da Cisjordânia.

"Como um terremoto"
O atentado ocorreu por volta das 8h30 no primeiro dia útil da semana em Israel. Segundo a polícia, o terrorista utilizou cinco quilos de explosivos e acrescentou estilhaços de metal à bomba para torná-la mais violenta.
No momento da explosão, o ônibus estava em um cruzamento movimentado perto do Inbar Hotel, que recebia um encontro de líderes de organizações judaicas americanas, e a poucas centenas de metros da entrada da parte antiga da cidade. O veículo foi reduzido a pedaços de metal retorcido. O teto e a parte traseira se desprenderam e os destroços se espalharam por dois quarteirões.
"Havia pedaços de corpos em todo lugar, até mãos e pés espalhados do lado de fora do ônibus", afirmou o médico militar Reuven Pohl. "Foi como um terremoto", disse Ora Yairov, segundo o qual o posto de gasolina em frente ao local da explosão, onde ele estava, "ficou cheio de estilhaços de vidro e pedaços de carne humana".
O governo israelense decidiu não fazer uma "contra-ofensiva pesada", segundo o diário israelense "Haaretz". Em sua versão on-line, o jornal citou fontes no governo para dizer que o premiê Ariel Sharon e o ministro da Defesa, Shaul Mofaz, tomaram a decisão após duas horas de reunião.
Pouco após o ataque, soldados israelenses isolaram a cidade de Belém, onde vivia o terrorista. Um policial palestino disse que Israel deteve a mulher, a mãe, o pai e quatro irmãos do terrorista.
O último atentado suicida em Israel ocorreu em 29 de janeiro, quando um homem-bomba matou 11 pessoas em um ônibus em Jerusalém. Israel enviou os destroços do veículo para Haia, como parte de sua argumentação.
Em três anos de Intifada, o levante palestino contra Israel, cerca de 870 israelenses e ao menos 2.350 palestinos foram mortos.

Com agências internacionais

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