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Nova liderança pode
ser ainda mais radical
DA REDAÇÃO
A morte de Ahmed Yassin abre
um vazio de poder dentro do Hamas. Yossi Kuperwasser, chefe do
departamento de pesquisa da inteligência militar israelense, disse
ao jornal "Haaretz" que a chefia
do grupo poderá ficar com Abdel
Aziz Rantissi ou com um colegiado do qual ele também faça parte.
Rantissi, 55, integra um núcleo
intransigente da organização, que
também traz Mahmmoud Zahar,
58, Ismail Hanieh, 53, e Ismail
Shanab, 39, todos médicos ou
pós-graduados e defensores da
destruição de Israel.
Analistas consideravam Yassin,
que exercia respeitada autoridade
espiritual entre os palestinos, o
único capaz de convencer os terroristas do Hamas a depor armas
no caso de um hoje hipotético
acordo de paz na região.
Depois de atentado de agosto de
2003, em Jerusalém, a União Européia, a exemplo do que haviam
feito os EUA, classificou o Hamas
como terrorista, qualificativo até
então reservado apenas ao seu
braço armado.
Dezenas de contas bancárias foram bloqueadas, e nove entidades
filantrópicas ligadas à organização foram fechadas.
O Hamas, acrônimo em árabe
para Movimento da Resistência
Islâmica, surgiu em Gaza, em
1987, logo após o início da primeira Intifada, e tornou-se a segunda
maior organização palestina, depois do Fatah, de Iasser Arafat,
com o qual entrou em atrito durante as negociações dos acordos
de Oslo, de 1993. Suas teses radicais tornaram-se populares em
razão do malogro do processo de
paz e com a sensação de que a Autoridade Nacional Palestina estava cada vez mais minada pela corrupção e pela ineficiência.
O grupo é mais que uma estrutura terrorista, com uma quantidade desconhecida de militantes e
responsável por atentados que já
mataram centenas de civis israelenses. É também uma rede filantrópica e assistencial que cumpre
tarefas inexistentes ou insuficientes na Cisjordânia e em Gaza.
Há o caso de Oum Khaled, citado ontem pelo jornal francês "Le
Monde", a quem o Hamas forneceu uma mesada e livros para seu
filho, que estava prestando vestibular. Ou então de Adib Iussef,
que mora com a mulher e os filhos
no bairro de Nasr, em Gaza.
Ele recebia uma espécie de seguro-desemprego com remessas periódicas de R$ 300. O dinheiro vinha de um banco com sede no
Qatar. "O Hamas vinha nos visitar, seus homens perguntavam o
que estávamos precisando, mandavam para minha família roupas
e alimentos", diz ele.
Por manter de forma explícita o
objetivo de destruir Israel, o Hamas se expôs a represálias incessantes. Recentemente, com o aumento dos sinais de caos e desgoverno em Gaza, o grupo era visto
como força maior que a Autoridade Nacional Palestina, de Arafat, com quem travava eventuais
confrontos.
O Hamas não chegou a disputar
as eleições para o Parlamento palestino, em protesto contra os
acordos de Oslo.
Com agências internacionais
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