São Paulo, segunda-feira, 23 de abril de 2001

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ELEIÇÕES

Referendo deve decidir em julho independência em relação à Iugoslávia

Separatistas lideram em Montenegro

France Presse
Eleitora vota em seção instalada em salão de beleza de Podgorica


DA REDAÇÃO

As eleições parlamentares de ontem em Montenegro indicaram um apoio dos eleitores ao projeto separatista liderado pelo presidente Milo Djukanovic, que promete lutar pela independência da pequena república em relação à Iugoslávia.
Após a apuração de 12% das urnas, a coalizão governista "A Vitória Pertence a Montenegro" estava com 44% dos votos, contra 38% dos votos de partidários anti-independência.
Caso ganhem as eleições, os separatistas pretendem organizar em julho um referendo para decidir sobre a independência, contrariando as advertências de organismos internacionais sobre os riscos do processo de separação.
Zoran Zizic, primeiro-ministro iugoslavo e líder da coalizão anti-separatista, reconheceu que a facção de Djukanovic tem "uma possibilidade teórica" de obter a maioria das cadeiras do Parlamento. "Mas seguramente não terão a maioria de dois terços necessária para aprovar legalmente a independência em referendo", acrescentou Zizic.
Miodrag Vukovic, o principal assessor de Djukanovic, disse porém que, de acordo com a Constituição, a maioria de dois terços não é necessária à aprovação da independência em plebiscito.
Em defesa da separação, o presidente Djukanovic declarou que, "devido a seu tamanho, Montenegro jamais poderá equiparar-se à Sérvia em um Estado conjunto".
A Sérvia tem hoje 9 milhões de habitantes, e Montenegro conta com pouco mais de 600 mil.
Em uma nota entregue à imprensa, o Partido Democrático dos Socialistas (DPS), que lidera a coalizão governista, divulgou que obterá "a maioria absoluta no Parlamento, talvez 41 das suas 77 cadeiras".
Para o Centro de Monitoramento das eleições, a vitória dos separatistas seria mais apertada: 42,4% contra 40,3% dos que preferem a integração de Montenegro à Iugoslávia. A se confirmarem essas projeções, a frente separatista ficaria com uma maioria relativa de 35 cadeiras.
As eleições também registraram um número recorde de participação, atingindo cerca de 80% de comparecimento dos 446 mil votantes.
O dirigente da coalizão favorável à permanência de Montenegro na Federação iugoslava, Predrag Bulatovic, afirmou que só comentará o resultado das eleições "após realizar consultas com a comunidade internacional".
Bulatovic adiantou no entanto que "certas irregularidades foram detectadas", advertindo que os dirigentes políticos deveriam evitar "um aumento de tensões".
Todos os analistas políticos consideram que a vitória governista nessas eleições poderá ser o primeiro passo para o desaparecimento da Federação da Iugoslávia, integrada por Montenegro e Sérvia desde 1992.
Sucessivas guerras étnicas ocorridas ao longo da década de 1990 provocaram o desmembramento da Iugoslávia, que antes incluía, além da Sérvia e de Montenegro, a Croácia, a Eslovênia, a Macedônia e a Bósnia.
Independentemente do resultado das eleições de ontem, as pesquisas de opinião pública mostram que a maioria dos montenegrinos apóia um Estado independente, embora muitos deles se considerem sérvios.

Com agências internacionais

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