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Ruas de Paris têm manifestações contínuas contra Le Pen e fascismo
DE PARIS
Paris entrou em ebulição desde
domingo à noite. Partidos de esquerda, agremiações marxistas e
movimentos antiglobalização
promovem reuniões e manifestações quase contínuas contra Jean-Marie Le Pen e a ameaça fascista.
Mais de 100 mil saíram às ruas ontem em diversas cidades do país.
Cartazes da campanha de Le
Pen amanheceram pichados. "A
França não é fascista", dizia um
deles no metrô. Na praça da República, uma manifestação reuniu no início da noite centenas de
pessoas, sobretudo jovens. Um
cartaz constatava: "Chirac, eu não
queria votar em você!".
O professor de história Hébert
Benoit, 24, carregava a bandeira
vermelha de seu pequeno partido
Alternativas e distribuía panfletos. "Votei em branco, assumo, e
não me arrependo. Não me sentia
representado por nenhum dos
candidatos. Agora vou votar Chirac, mesmo se ele é um escroque,
por causa da democracia", diz.
O partido, fundado em 1987, defende a reunião da ecologia com o
socialismo de auto-gestão. "Não
acho que a esquerda deva ser culpada pelo que ocorreu na França", afirma Benoit.
O barman Thierry Meignen, 39,
diz: "Tenho vergonha. Todos os
meus amigos estão sentindo o
mesmo. Quem se absteve ou votou em outros nomes agora estão
lamentando o que fizeram". Ele
votou em Jospin e irá votar em
Chirac. "Não gosto dele, mas vou
me juntar à barreira que será criada. Meu avô lutou contra os nazistas. Devo lutar também agora."
Se pudesse voltar no tempo, a
estudante Laure Gorin, 19, teria
votado em Jospin. Ela votou em
Olivier Besancenot, 27, candidato
da Liga Comunista Revolucionária (LCR). "As pesquisas enganaram as pessoas. Elas davam como
vencedores Chirac e Jospin, e todos que não tinham preferência
por esses dois votaram em outro
nome, pensando que certamente
iriam escolher entre eles no turno
seguinte. Foi o meu caso", diz.
O funcionário público Jean-Louis, 52, sempre votou à direita.
Desta vez, no primeiro turno,
apostou em Corinne Lepage, 50,
do Cidadania, Ação, Participação
para o Século 21 (CAP 21). "Chirac não me agrada como pessoa,
não é muito honesto e não é um
grande homem, mas terá meu voto", diz. Ele não se chocou com a
vitória de Le Pen. "Ele é sempre
subestimado. Para mim, o que é
chocante de fato é que nunca encontrei alguém que tivesse votado
nele. Ou essas pessoas não fazem
parte de meu meio, ou elas escondem o seu voto."
Alain Siloret, 53, votou em Le
Pen. "Teve uma época em que ele
delirava, mas agora tem chances
de chegar ao poder." No meio da
manifestação contra Le Pen, onde
ele diz que foi "se divertir", Siloret
conta que está desempregado há
mais de 20 anos e vive do seguro
social. Ele dispara: "Chirac é um
cretino político e a esquerda é
usurpadora, no poder há 20 anos
Com Le Pen, enfim nós, pobres,
temos uma pequena esperança".
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