São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2000


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ELEIÇÃO
Entidade vê problema em sistema de contagem de votos; opositor formaliza decisão de não ir ao 2º turno domingo
Suspeita leva OEA a sustar ação no Peru

France Press
Vendedor de rua oferece máscaras que imitam os rostos dos candidatos à Presidência do Peru


DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) no Peru anunciou ontem a suspensão temporária de seu trabalho de observação relacionado ao órgão encarregado da organização das eleições presidenciais (Onpe). A entidade afirmou que, nas atuais condições, não poderia dar o seu aval ao processo eleitoral.
Horas depois, o candidato oposicionista Alejandro Toledo formalizou sua decisão de não participar do segundo turno, marcado para o próximo domingo, se a data do pleito for mantida. Ele apresentou sua desistência por meio de uma carta ao tribunal eleitoral.
Ele afirma que não se pode garantir a lisura do pleito e exige seu adiamento para o dia 18 de junho. O presidente e candidato à re-reeleição Alberto Fujimori diz que não há possibilidade de fraude e diz que Toledo teme a derrota.
A decisão da OEA foi tomada após a divulgação de comunicado do Onpe no qual o órgão afirmava que seu programa de contagem de votos se encontrava "totalmente pronto e operacional" e enfatizava que isso havia sido comprovado na simulação, assistida pela OEA e outros observadores.
A OEA contestou o comunicado, afirmando que foram detectados "sérios problemas" com o programa e acusou o Onpe de usar a presença dos observadores para tentar validar o teste.
Além do problema no sistema de computação dos votos, os observadores vêm denunciando uma série de irregularidades na campanha, como a presença dominante do atual presidente nos meios de comunicação.
Alejandro Toledo afirma que continuará em campanha. Caso as irregularidades persistam, diz que irá retirar sua candidatura definitivamente. O tribunal afirmou que se reuniria nas horas seguintes e anunciaria uma decisão.
Na carta, Toledo e seu partido, o Peru Possível, dizem ser "forçados a adotar a decisão de se abster de participar do segundo turno na data fixada, o dia 28 de maio, até que se possa modificar a mencionada data".
Ontem, a OEA voltou a pedir o adiamento do segundo turno e afirma que somente hoje poderá fazer um pronunciamento geral sobre o processo eleitoral no país.
Os EUA anunciaram apoiar a decisão. "Apoiaremos qualquer acerto que a OEA considere satisfatório para garantir eleições livres, justas e transparentes, afirmou Richard Boucher, porta-voz do Departamento de Estado.
A entidade afirmou insistir na necessidade de um prazo maior para a realização da segunda etapa da eleição, "que permita ao Onpe trabalhar com rigor e planejamento para corrigir as deficiências que se apresentam na organização do segundo turno e dar à população garantias suficientes de que seu voto será respeitado".
Segundo pesquisas, os eleitores avaliam a atitude de Toledo como "indecisão", o que fez com que ele perdesse votos. Levantamento do instituto Apoyo divulgado anteontem mostra Fujimori com 51% e Toledo com 36% das intenções de voto. A margem de erro é de 4,5 pontos percentuais.
Até a semana passada, antes do anúncio, ele aparecia tecnicamente empatado com Fujimori. Os dois tinham cerca de 46% das intenções de voto.


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