São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2000


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PRESSÃO
Kremlin nomeia oficiais como "supergovernadores"
Planos de Putin ameaçam criar um novo Estado policial na Rússia

HELEN WOMACK
DO "THE INDEPENDENT", EM MOSCOU

Cinco dos sete "supergovernadores" nomeados pelo presidente Vladimir Putin para disciplinar as regiões russas são oficiais das Forças Armadas, da polícia ou dos serviços de segurança.
Os analistas estão divididos quanto aos esforços do novo líder do Kremlin para exercer controle sobre o imenso país: se vão acabar afundando no atoleiro provincial ou se um novo Estado policial está sendo criado.
Como um velho dirigente comunista, o presidente Putin passou a semana passada percorrendo as ex-repúblicas soviéticas da Ásia central, dando aos políticos em Moscou um tempo para digerirem suas "propostas" de reforma regional.
Não está claro, porém, por que ele precisa de altos oficiais das forças de segurança para atuar como seus representantes em 4 dos 7 grandes distritos federais nos quais, por decreto, dividiu a Rússia.
Quem se preocupa com os direitos humanos provavelmente verá com especial receio a indicação de Viktor Cherkesov, primeiro vice-diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB), para supervisionar as regiões do nordeste, desde uma base em São Petersburgo.
Antigos dissidentes recordam que, quando a repressão estava saindo de moda, no governo de Mikhail Gorbatchov, Cherkesov foi um oficial da KGB que continuou a fazer uso entusiasmado das leis de combate às atividades "anti-soviéticas".
Homens que fizeram carreira no Exército, na polícia ou nos serviços de segurança também foram enviados para impor a vontade do presidente Putin nos distritos federais Central, dos Urais e do Extremo Oriente.
O ex-vice premiê Boris Nemtsov, um liberal, disse que é preciso, sim, impor ordem às anárquicas regiões russas, mas que o país precisa de bons administradores, não de generais que vão "berrar ordens".


Tradução de Clara Allain


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