São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2004

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SAÚDE

Pesquisa médica feita ao longo de 50 anos afirma que parar de fumar aumenta consideravelmente a expectativa de vida

Fumante perde 10 anos de vida, diz estudo

DA REDAÇÃO

Fumantes morrem, em média, dez anos mais cedo do que pessoas que não fumam, mas parar de fumar, mesmo aos 50 anos de idade, pode diminuir o risco pela metade, segundo a mais longa pesquisa já feita sobre o tema, que foi divulgada ontem.
As descobertas do estudo sobre os perigos do tabaco, feito ao longo dos últimos 50 anos, mostraram que, se parar de fumar aos 30 anos, uma pessoa pode evitar quase todo o risco de morrer prematuramente.
"Fumar cigarros reduz a expectativa de vida em dez anos", afirmou Richard Doll, 91, professor da Universidade de Oxford que descobriu a ligação entre o câncer e o tabaco. "É claro que fumar constantemente dobra o risco de morte ao longo da vida adulta. Mas também é claro que deixar de fumar elimina uma grande parte desse risco", disse Doll, responsável pelo estudo.
Ele e Bradford Hill confirmaram a existência de um elo entre o consumo de tabaco e o câncer de pulmão num estudo pioneiro publicado em junho de 1956.
Quase meio século mais tarde, Doll e Richard Peto, que também é professor da Universidade de Oxford, publicaram os resultados de um estudo sobre o tema realizado com mais de 34 mil médicos britânicos. Atualmente, 5.900 deles ainda estão vivos, e apenas 134 continuam a fumar.
Inicialmente, Doll, que fumou durante 19 anos, planejava realizar um estudo de apenas cinco anos, mas suas descobertas iniciais o levaram a continuar o trabalho por mais 45. "Deixei de fumar aos 37 anos por causa das descobertas de nosso primeiro estudo", disse Doll.
Os primeiros resultados de seu segundo estudo mostraram que, além de poder provocar câncer de pulmão, o tabaco pode estar por trás de uma série de problemas cardíacos. "Decidimos continuar o estudo para saber que outros efeitos iríamos encontrar."
Segundo o estudo, deixar de fumar aos 60, aos 50, aos 40 ou aos 30 anos de idade permite, em média, ganhar três, seis, nove ou dez anos de vida respectivamente.
Segundo especialistas, o novo estudo é um dos melhores trabalhos de pesquisa médica já realizados, pois monitorou o mesmo grupo de pessoas durante décadas. Além disso, os especialistas no assunto dizem que o trabalho é ainda mais importante porque acompanhou pessoas nascidas nas primeiras décadas do século 20, quando o consumo de tabaco era muito alto.

100 milhões de mortes
Desde que Doll começou seu estudo, na década de 50, o tabaco matou cerca de 100 milhões de pessoas em todo o mundo. Se os padrões atuais de consumo de tabaco não forem alterados, por volta de 1 bilhão de pessoas morrerão por conta do hábito de fumar no século 21, segundo Peto.


Com agências internacionais


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