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São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

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COMENTÁRIO

Momento é oportuno para Bush

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

A eliminação de duas cartas fundamentais no baralho dos iraquianos mais procurados pelos EUA não poderia ter ocorrido em um momento mais oportuno para o presidente George W. Bush.
A morte de Uday e Qusay, respectivamente os ases de copas e de paus no baralho criado para ajudar a identificar líderes iraquianos, deve dar novo fôlego à campanha militar no Iraque e estancar, pelo menos momentaneamente, a queda livre na popularidade do presidente dos EUA.
Nas últimas semanas, uma série de eventos vinha minando a confiança da opinião pública americana na capacidade de Bush de lidar com a situação no Iraque.
O principal fator de corrosão são os ataques a soldados americanos no país, que vêm ganhando um destaque cada vez maior na cobertura da mídia americana.
Em algumas edições dos principais jornais do país, histórias humanas de militares voltando a andar com próteses metálicas ou em tratamento psicológico já ocupam mais espaço do que o esforço de reconstrução do Iraque.
Entre os nove pré-candidatos democratas à eleição de 2004, o Iraque também já se converteu em uma nova bandeira de oposição. E as razões que levaram os EUA à guerra, a suposta existência das armas de destruição em massa de Saddam Hussein, continuam a incomodar o suficiente para que Bush ainda precise dar satisfações sobre o assunto.
Bush e os republicanos têm maioria nos dois níveis do Congresso americano, onde controlam com mão-de-ferro as comissões criadas para investigar as razões que levaram os EUA à guerra. Mas o desconforto, mesmo entre os mais conservadores, vinha crescendo paulatinamente.
A morte de Uday e Qusay tem o duplo benefício para Bush de efetivamente indicar uma mudança de regime no Iraque e de contribuir para refrear os ataques a tropas americanas no país.
Nos EUA, questionamentos fundamentais sobre as razões da guerra e o perigo real que o Iraque representava para o mundo devem agora voltar a se diluir na expectativa otimista de outra boa notícia: a capitulação total, via decapitação, da carta que falta, o ás de espadas Saddam Hussein.


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