São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2010

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"Acusações sobre guerrilha têm potencial de gerar tempestades"

GABRIELA MANZINI
DE SÃO PAULO

O britânico Kenneth Maxwell, fundador do Programa de Estudos do Brasil da Universidade Harvard, afirmou, em entrevista concedida por e-mail à Folha, que as acusações feitas pelo governo de Álvaro Uribe contra a Venezuela "precisam ser levadas a sério" e têm "potencial de gerar tempestades".
Para o especialista, apesar da sensibilidade em torno do assunto, o governo brasileiro não possui alternativa senão tentar apresentar-se como mediador da crise, porque não é de seu interesse vê-la aumentar.

 

Folha - As acusações feitas por Uribe são críveis?
Kenneth Maxwell -
Elas precisam ser levadas a sério. Mas o "timing" é problemático. E o rompimento das relações ocorre em um momento muito sensível.

Qual é o impacto do rompimento na região?
Não ajuda. Como vimos na campanha presidencial brasileira, acusações sobre as Farc e as suas conexões internacionais têm potencial de gerar tempestades.

Essa decisão surpreende, considerando o histórico?
O rompimento das relações era cada vez mais provável, dada a coincidência entre a sucessão presidencial na Colômbia e a crescente tensão dentro da Venezuela.
Infelizmente, nenhum dos lados teve muita iniciativa para baixar a temperatura.

Chávez pode usar o episódio para mascarar os atuais problemas econômicos?
Sim, ele usará a crise externa para fortalecer seu apoio doméstico. Ele já usou.

E na Colômbia, o sr. crê que Santos [o presidente eleito] soubesse do anúncio?
Eu suspeito que Santos soubesse.

Como o Brasil irá reagir?
O Brasil tentará mediar. Não há alternativa. Qual será a reação das partes do conflito é outra questão, mas, sem dúvida, não é do interesse do Brasil que a crise aumente.


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