São Paulo, sábado, 23 de julho de 2011

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ANÁLISE

De novo, Grécia define o futuro dos europeus

CREOMAR DE SOUZA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Poucas semanas após o fim da negociação que resultou em um acordo que impediu a insolvência grega, o país retorna às manchetes.
As novas medidas visam flexibilizar o acordo anteriormente firmado, reduzindo juros dos empréstimos e aumentando prazos para pagar débitos.
Porém, em um mundo no qual a política internacional não é caracterizada por ações caridosas, é importante fazer uma pergunta: por que dar à Grécia a possibilidade de quitar seus débitos com menor grau de sacrifício?
A resposta vai além da crise grega. A adoção de uma moeda única entre diversos países europeus criou um grau de sinergia entre as economias em que a simples falência de um dos atores traria dificuldades a todos.
O salvamento da Grécia significa sinalizar ao sistema internacional que as autoridades europeias não visam desistir do caminho tomado quando da adoção do euro.
A necessidade de se fazer um rescalonamento dos débitos gregos marca dois elementos: primeiro, as autoridades vislumbram risco de contágio para outros países.
Segundo, há necessidade de construir e consolidar uma alternativa que dê sobrevida aos governos europeus para a quitação de seus débitos.
A União Europeia assumiu que o salvamento da economia grega é necessário para enviar uma mensagem de força e coesão aos seus parceiros e ao sistema financeiro.
Ademais, ao assumir a necessidade de revisão dos acordos e ao acionar um instrumento formal de socorro aos países que sejam vítimas de crises, o combate às dificuldades financeiras torna-se uma política comum ancorada em instrumentos institucionais claros.
Tenta-se, portanto, passar a mensagem de que o governo grego não será abandonado à própria sorte.
Pode-se afirmar que milênios após a derrota dos persas que permitiu a construção da civilização europeia clássica, o destino da Europa mais uma vez repousa sobre os caminhos de Atenas.

*CREOMAR DE SOUZA é professor de relações internacionais do Ibmec/DF e mestre pela UnB (Universidade de Brasília)


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