|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VÍTIMAS DE GUERRA
Imigrantes na América Latina foram levados para campos de detenção durante Segunda Guerra Mundial
Japoneses exigem indenização dos EUA
Conheça a história de japoneses
enviados a campos americanos
Yaki, 67, no
porto de
Callao, em
Lima, no
Peru, de
onde eram
deportados
os japoneses
para campos
de detenção
nos Estados
Unidos
LIA HAMA
enviada especial a Lima
Levados à força para campos de
concentração nos EUA durante a
Segunda Guerra Mundial, imigrantes japoneses e seus descendentes que vivem em países da
América Latina promovem uma
campanha para exigir do governo
norte-americano indenização e
pedido de desculpas.
A "Campanha por Justiça",
uma organização internacional
baseada nos EUA, lançou um movimento para localizar milhares de
latino-americanos de ascendência
japonesa que foram detidos e
transferidos para campos nos Estados Unidos na década de 40.
De acordo com Grace Shimizu,
representante norte-americana da
"Campanha por Justiça", 2.264
homens, mulheres e crianças de
origem nipônica na América Latina foram levados aos campos nos
Estados Unidos.
Mais de 80% deles vinham do
Peru, diz Shimizu. O restante eram
imigrantes residentes em outros
12 países da América Latina: Bolívia, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, El
Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua e Panamá.
A exemplo dos japoneses norte-americanos que, a partir de Lei
dos Direitos Civis (Civil Liberties
Act) de 1988, receberam do então
governo Reagan uma carta de desculpas e ressarcimento de US$ 20
mil, os latino-americanos querem
uma indenização de mesmo valor.
Em junho deste ano, o governo
norte-americano ofereceu uma
compensação de US$ 5 mil aos japoneses da América Latina, um
quarto do valor oferecido aos japoneses norte-americanos.
"É uma discriminação inaceitável. Sofremos a mesma humilhação que os norte-americanos",
diz Germán Yaki, 67, peruano deportado quando tinha 13 anos junto com sua família para o Estado
do Texas (leia texto nesta página).
Outra reclamação dos ex-internos é o prazo de cerca de dois meses, dado pelo governo norte-americano para pedidos de indenização, considerado curto. O prazo
terminou no dia 10 deste mês.
Campos de concentração
O Departamento de Justiça norte-americano calcula que, entre
1941 e 1946, mais de 120 mil cidadãos de origem nipônica foram retirados de suas casas na Costa Leste dos EUA e no Havaí e levados
para os campos de concentração.
O movimento de "internação"
ou "relocação", como é chamado
pelo governo norte-americano, foi
iniciado logo após o ataque japonês à base americana de Pearl Harbor, em dezembro de 1941.
Segundo o Departamento de
Justiça, a ação seria resultado de
uma "histeria" coletiva da sociedade norte-americana e do temor
de sabotagem de japoneses que
moravam no país.
Trazidos de navio aos EUA, os
japoneses latino-americanos foram levados para campos de concentração em diversos Estados do
país.
Em seus países de origem, tiveram suas contas bancárias bloqueadas, os bens confiscados e as
instituições da comunidade japonesa fechadas pelos governos aliados.
Muitos deles não sabiam para
onde eram levados. "Não sabia o
que ia acontecer, se ia morrer ou
ser torturada. No Peru, recebíamos cartas de conhecidos dizendo
que estavam bem, mas eu não
acreditava", conta Yuriko Tanaka, que tinha 12 anos quando foi
levada aos EUA.
Durante a guerra, mais de 800
internos foram trocados por civis
norte-americanos no Japão.
Pedido de desculpas
Em carta assinada em setembro
de 1996, o presidente Bill Clinton,
mais de 50 anos após o término da
guerra, fez um pedido de desculpas aos japoneses americanos pelos "erros do passado, em nome
da nação norte-americana".
"Eu ofereço minhas sinceras
desculpas pelas ações que injustamente negaram aos japoneses
americanos e às suas famílias direitos fundamentais durante a Segunda Guerra Mundial."
De acordo com o documento, as
ações norte-americanas teriam sido motivadas por preconceito racial e "histeria de guerra".
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|