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PÓS-URSS
Apesar da emigração, comunidade judaica mantém presença ativa no país
Judaísmo na Rússia vive renascença, diz historiador
da Reportagem Local
Apesar da onda migratória
que levou mais
de 700 mil judeus a sair das
ex-repúblicas
soviéticas nos
últimos anos, a
comunidade judaica tem hoje
"forte presença" na vida política, econômica e cultural desses
países, principalmente na Rússia.
O fenômeno poderia ser chamado
de "renascença" do judaísmo,
ocorrendo sobretudo em solo russo.
"Com a liberalização política do
país, a vida cultural, principalmente da Rússia, renasceu. Hoje,
os judeus estão presentes nos governos e importantes setores da
economia", diz Rashid Kaplanov,
historiador da Universidade de
Moscou. Segundo ele, ainda vivem
cerca de 1 milhão de judeus, na
Rússia, país que conta com 148
milhões de habitantes.
Kaplanov, que também é presidente do Centro Moscovita Para o
Ensino Universitário da Civilização Judaica, veio ao Brasil a convite da Folha e do Fundo Comunitário da Federação Israelita do Estado de São Paulo.
Na quinta-feira à noite, ele realizou palestra na Folha e falou sobre
a situação dos judeus nas 15 repúblicas que formavam a URSS,
principalmente na Rússia.
Com a abertura política comandada nos anos 80 pelo ex-presidente Mikhail Gorbatchov, a partir de 1989, mais de 700 mil judeus
emigraram do país. Kaplanov afirma que o principal período da
emigração ocorreu nos anos 89, 90
e 91, quando a crise econômica e
política atravessou seu período
mais agudo na era da perestroika.
Ainda hoje, segundo Kaplanov,
cerca de 50 mil emigram por ano.
"Muita gente emigrou por motivos econômicos, outros por segurança pessoal. Para muita gente
a perestroika podia ser uma ameaça à própria vida, já que ninguém
sabia o que podia acontecer", diz.
Para Kaplanov, o anti-semitismo é um fenômeno em baixa na
Rússia. O pesquisador menciona
pesquisas nas quais de 10% a 15%
dos entrevistados mostraram ter
sentimentos anti-semitas.
Apesar da avaliação positiva sobre a intolerância, Kaplanov não
descarta a possibilidade de o anti-semitismo crescer, já que ainda
há correntes anti-semitas no país.
Para ele, por participarem ativamente dos governos atuais na
ex-URSS, os judeus podem ser associados à atual instabilidade política e econômica da Rússia.
O historiador considera remota
a possibilidade de o comunismo
voltar à Russia. "Não queremos
mais experiências", afirma.
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