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Gabinete pró-ocidental corre risco
CRAIG S. SMITH
DO "NEW YORK TIMES", EM BEIRUTE
A guerra com Israel acabou e a reconstrução já começou, mas a batalha pelo
futuro político do Líbano
transforma-se em um confronto cujo desfecho pode
ter profundas ramificações
no Oriente Médio.
A mais recente manobra
nesse conflito é o vociferante
apelo do Hizbollah por um
governo de unidade nacional
que ameaçaria a maioria ínfima detida pelos partidos favoráveis ao Ocidente, conhecidos como Movimento 14 de
Março. "O mapa político está
diferente agora", disse Ahmad Malli, membro do birô
político do Hizbollah.
O ganho em poder e popularidade de que o Hizbollah
vem desfrutando desde a
guerra alarma as pessoas que
estão tentando fazer com
que o Líbano se posicione
com mais firmeza na órbita
dos EUA. Elas temem que os
ganhos políticos do Hizbollah se traduzam em ganhos
políticos para o Irã.
"Existe um império iraniano em construção, de maneira lenta mas segura", disse
Walid Jumblat, líder político
e militar druso. Jumblat se
tornou o mais eloqüente adversário do Hizbollah nas fileiras do movimento pró-democracia apoiado pelos
EUA, o qual no momento detém uma ínfima maioria no
Parlamento libanês.
Mas o status dessa maioria
está sendo contestado por
Hassan Nasrallah, que construiu uma aliança com Michel Aoun, ex-general que
controla o maior bloco de votos cristãos maronitas no
Parlamento.
Mesmo se o atual governo
se mantiver no poder, sua influência terá sofrido severamente. Antes da guerra, as
forças políticas importantes
haviam começado a tratar da
questão de desarmar o Hizbollah, o obstáculo final ao
esforço do governo para recuperar a plena soberania
sobre o território do país, depois da retirada das tropas sírias, um ano atrás.
Mas a guerra interrompeu
o processo. Nasrallah emergiu como um herói aos olhos
de muitos cidadãos do
Oriente Médio. Agora, o Hizbollah está tentando transformar essa percepção de sucesso militar em uma maior
influência política.
Malli, 51, retrata as manobras do Hizbollah como um
esforço de reconciliação nacional diante da ameaça de
Israel. O Hizbollah foi bem-sucedido em seu esforço para retratar a guerra, aqui, como um ataque inevitável que
Israel lançou na primeira
oportunidade que teve, e não
como uma represália pelo seqüestro de soldados israelenses por unidades militares do movimento.
Nesse contexto, o Hizbollah vem se retratando como
a única forma eficaz de defesa de que o Líbano dispõe.
Agora, em lugar de negociar
o desarmamento de sua milícia, o grupo quer discutir
uma estratégia de defesa nacional à qual a milícia esteja
integrada.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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