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Hamas rejeita governo que reconheça Israel
Declaração de premiê palestino frustra expectativas de Abbas, que busca fim de sanções econômicas
DA REDAÇÃO
O Hamas, que domina o Parlamento palestino desde as
eleições do início do ano, declarou ontem que não aceitará integrar um governo de coalizão
que reconheça Israel, frustrando as expectativas do presidente Mahmoud Abbas, do Fatah.
O grupo, responsável por ataques terroristas a Israel no passado, prega, em sua Carta, a
destruição do Estado judeu.
Na última quarta, o quarteto
de mediadores para o Oriente
Médio -EUA, União Européia,
Rússia e Reino Unido- havia
anunciado seu apoio à proposta
de Abbas. Desde a vitória do
Hamas, a Autoridade Nacional
Palestina está sob sanções econômicas internacionais.
O revés diplomático ocorre
após Abbas ter indicado na última quinta, na Assembléia Geral
da ONU, em Nova York, que um
governo de união nacional reconheceria o Estado de Israel.
O premiê do Hamas, Ismail Haniyeh, porém, afirmou ontem
que isso está fora de questão.
"Não liderarei nenhum governo que reconheça Israel."
Haniyeh reafirmou que o Hamas aceita um Estado nos territórios palestinos reconhecidos
internacionalmente -Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental- e uma trégua com os israelenses. "Apoiamos um Estado
palestino nos territórios de
1967 [ocupados por Israel na
Guerra dos Seis Dias], mas em
troca de cessar-fogo, não do reconhecimento [de Israel]."
"Isso [o reconhecimento] é
uma receita para a guerra civil.
Os palestinos não aceitarão que
confisquem suas crenças", disse o ministro das Relações Exteriores, Mahmoud al Zahar.
O Fatah e o Hamas haviam
voltado a negociar após a interrupção das conversas em junho
-quando militantes do grupo
radical islâmico capturaram
um soldado israelense, e Israel
retaliou com uma ofensiva militar na faixa de Gaza.
No último dia 11, Abbas e Haniyeh anunciaram ter chegado
a um acordo para um governo
de união nacional, mas, desde
então, não houve avanços.
Em mais um sinal de tensão,
as Brigadas de Izzedin al Qassam, ligadas ao Hamas, ameaçaram agir contra quem tentar
"derrubar" o governo liderado
pelo grupo. "Podemos ser forçados a nos erguer para pôr limites a todos que buscam a revolta", diz o texto do grupo. Milhares de militantes do Fatah se
reuniram ontem numa manifestação contra o Hamas.
O fracasso de um acordo deve
agravar a crise nos territórios,
intensificada pelo boicote internacional. Um mecanismo
criado há três meses pelo Quarteto permite enviar fundos sem
que passem pelo Hamas, mas
ele é insuficiente para resolver
a grave crise humanitária.
Com agências internacionais
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