São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

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Hamas rejeita governo que reconheça Israel

Declaração de premiê palestino frustra expectativas de Abbas, que busca fim de sanções econômicas

DA REDAÇÃO

O Hamas, que domina o Parlamento palestino desde as eleições do início do ano, declarou ontem que não aceitará integrar um governo de coalizão que reconheça Israel, frustrando as expectativas do presidente Mahmoud Abbas, do Fatah. O grupo, responsável por ataques terroristas a Israel no passado, prega, em sua Carta, a destruição do Estado judeu.
Na última quarta, o quarteto de mediadores para o Oriente Médio -EUA, União Européia, Rússia e Reino Unido- havia anunciado seu apoio à proposta de Abbas. Desde a vitória do Hamas, a Autoridade Nacional Palestina está sob sanções econômicas internacionais.
O revés diplomático ocorre após Abbas ter indicado na última quinta, na Assembléia Geral da ONU, em Nova York, que um governo de união nacional reconheceria o Estado de Israel. O premiê do Hamas, Ismail Haniyeh, porém, afirmou ontem que isso está fora de questão. "Não liderarei nenhum governo que reconheça Israel."
Haniyeh reafirmou que o Hamas aceita um Estado nos territórios palestinos reconhecidos internacionalmente -Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental- e uma trégua com os israelenses. "Apoiamos um Estado palestino nos territórios de 1967 [ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias], mas em troca de cessar-fogo, não do reconhecimento [de Israel]."
"Isso [o reconhecimento] é uma receita para a guerra civil. Os palestinos não aceitarão que confisquem suas crenças", disse o ministro das Relações Exteriores, Mahmoud al Zahar.
O Fatah e o Hamas haviam voltado a negociar após a interrupção das conversas em junho -quando militantes do grupo radical islâmico capturaram um soldado israelense, e Israel retaliou com uma ofensiva militar na faixa de Gaza.
No último dia 11, Abbas e Haniyeh anunciaram ter chegado a um acordo para um governo de união nacional, mas, desde então, não houve avanços.
Em mais um sinal de tensão, as Brigadas de Izzedin al Qassam, ligadas ao Hamas, ameaçaram agir contra quem tentar "derrubar" o governo liderado pelo grupo. "Podemos ser forçados a nos erguer para pôr limites a todos que buscam a revolta", diz o texto do grupo. Milhares de militantes do Fatah se reuniram ontem numa manifestação contra o Hamas.
O fracasso de um acordo deve agravar a crise nos territórios, intensificada pelo boicote internacional. Um mecanismo criado há três meses pelo Quarteto permite enviar fundos sem que passem pelo Hamas, mas ele é insuficiente para resolver a grave crise humanitária.


Com agências internacionais


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