São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

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GUERRA SEM LIMITES

Gasto militar supera auge da Guerra Fria, afirma Oxfam

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

As despesas militares globais devem registrar recorde neste ano: US$ 1,06 trilhão (R$ 2,21 trilhões), segundo relatório divulgado ontem pela ONG britânica Oxfam.
Se confirmado, o valor supera o total despendido no ápice das despesas militares da Guerra Fria, em 1988, quando chegou a US$ 1,04 trilhão.
Os dados citados pela Oxfam foram fornecidos pelo Instituto Internacional de Pesquisas pela Paz (Sipri, na sigla em inglês), sediado em Estocolmo, que compila gastos anuais em armamento militar no mundo todo.
A Oxfam também afirmou que as vendas dos cem maiores fabricantes de armas subiram 60% entre 2000 e 2004. Na liderança dos gastos, estão os EUA, com larga vantagem sobre o segundo colocado, o Reino Unido.
O relatório da Oxfam destaca ainda o crescimento das despesas militares em regiões pobres, especialmente na África, onde Congo, Ruanda, Sudão, Botswana e Uganda dobraram seus gastos entre 1985 e 2000.
O Oriente Médio também está mais militarizado. Ali, em quase todos os países as despesas militares superam 5% do Produto Interno Bruto, chegando a mais de 9% em locais como Israel, Jordânia e Kuait -a média mundial é de menos de 4%.
A conseqüência direta do aumento de armas e conflitos é mais fome e pobreza, segundo Anna McDonald, diretora da Oxfam. "Nossos programas ao redor do mundo mostram que, em lugares onde há conflito e insegurança, a pobreza piora", disse McDonald à Folha. Segundo a ONU, no ano passado as guerras foram a principal causa de fome no mundo.
A ONG britânica divulgou os números para pressionar pela aprovação de um Tratado de Comércio de Armas pela ONU, banindo vendas a países que violem direitos humanos ou sofram embargo do organismo.


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