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GUERRA SEM LIMITES
Gasto militar supera auge da Guerra Fria, afirma Oxfam
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
As despesas militares globais devem registrar recorde
neste ano: US$ 1,06 trilhão
(R$ 2,21 trilhões), segundo
relatório divulgado ontem
pela ONG britânica Oxfam.
Se confirmado, o valor supera o total despendido no ápice das despesas militares da
Guerra Fria, em 1988, quando chegou a US$ 1,04 trilhão.
Os dados citados pela Oxfam foram fornecidos pelo
Instituto Internacional de
Pesquisas pela Paz (Sipri, na
sigla em inglês), sediado em
Estocolmo, que compila gastos anuais em armamento
militar no mundo todo.
A Oxfam também afirmou
que as vendas dos cem maiores fabricantes de armas subiram 60% entre 2000 e
2004. Na liderança dos gastos, estão os EUA, com larga
vantagem sobre o segundo
colocado, o Reino Unido.
O relatório da Oxfam destaca ainda o crescimento das
despesas militares em regiões pobres, especialmente
na África, onde Congo,
Ruanda, Sudão, Botswana e
Uganda dobraram seus gastos entre 1985 e 2000.
O Oriente Médio também
está mais militarizado. Ali,
em quase todos os países as
despesas militares superam
5% do Produto Interno Bruto, chegando a mais de 9%
em locais como Israel, Jordânia e Kuait -a média
mundial é de menos de 4%.
A conseqüência direta do
aumento de armas e conflitos é mais fome e pobreza,
segundo Anna McDonald,
diretora da Oxfam. "Nossos
programas ao redor do mundo mostram que, em lugares
onde há conflito e insegurança, a pobreza piora", disse
McDonald à Folha. Segundo
a ONU, no ano passado as
guerras foram a principal
causa de fome no mundo.
A ONG britânica divulgou
os números para pressionar
pela aprovação de um Tratado de Comércio de Armas
pela ONU, banindo vendas a
países que violem direitos
humanos ou sofram embargo do organismo.
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