São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

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Putin tenta acalmar crise petrolífera com franceses

Em Paris, russo diz que não cassará licença de empresa da França no Ártico

Rumores surgiram depois que o governo da Rússia suspendeu licença da Shell; franceses dizem estar "atentos à situação"

DA REDAÇÃO

O presidente Vladimir Putin, em visita à França, tentou ontem dissipar os temores de que a Rússia esteja planejando revogar a licença da empresa petrolífera francesa Total para operar no círculo Ártico. A Rússia é hoje o maior produtor mundial de hidrocarbonetos e, com o aumento dos preços do petróleo, Putin tem sido acusado por americanos e europeus de politizar a exploração e a venda de petróleo e gás.
Na última segunda-feira, as autoridades russas suspenderam um projeto da gigante petrolífera Shell para explorar campos de gás nas ilhas Sakhalina, na costa do Pacífico. O argumento, apoiado por ambientalistas russos, foi que o plano apresentado pela empresa não cumpria as normas de proteção ao ambiente.
Analistas que têm sido citados na imprensa americana e européia acreditam que a intenção russa seja remodelar os acordos que dão a companhias estrangeiras o controle sobre algumas de suas reservas naturais mais lucrativas.
Putin está na França para discutir com o presidente Jacques Chirac o aumento do comércio entre os dois países, além de temas como o programa nuclear iraniano. A visita ocorre em meio à tensão provocada pela declaração do ministro de Recursos Naturais russo, feita nesta semana, de que as autoridades cogitam cancelar a licença da Total para extrair petróleo no norte do Ártico.
"Quero acalmá-los sobre os rumores acerca da retirada da licença da Total, que são um pouco exagerados, para dizer o mínimo", disse Putin. "Vamos dar uma resposta exaustiva às questões francesas sobre o contrato que eles têm."
O porta-voz de Chirac, Jerome Bonnafont, disse que a França está "atenta à situação", acrescentando que os investidores se "beneficiariam da segurança jurídica necessária".

Tensão com Geórgia
Em Nova York, durante a Assembléia Geral da ONU, o presidente da ex-república soviética da Geórgia, Mikhail Saakashvili, acusou a Rússia de realizar uma "ocupação de gânsteres" de parte do país e de tentar anexar suas Províncias separatistas.
O presidente discursou depois de a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar ocidental), ter declarado seu apoio a reformas econômicas no país e aos esforços para pôr fim aos conflitos nas Províncias de Abkhazia e Ossétia do Sul. Moscou criticou fortemente a Otan, dizendo que decisão poderia pôr em risco a estabilidade no Cáucaso e prejudicar interesses russos.
O ministro de Defesa russo, Sergei Ivanov, disse que o país vai enviar tropas à fronteira com a Geórgia. A expansão de suas alianças tem levado a Otan para cada vez mais perto das fronteiras da Rússia, depois da adesão, na década passada, dos ex-satélites soviéticos no Leste Europeu e no mar Báltico.
O presidente georgiano, que chegou ao poder com apoio americano, acusa Moscou de distribuir passaportes russos a moradores das regiões separatistas como parte de um suposto plano para tomar o controle das áreas e afirma que forças de paz russas fomentam sentimentos contra a Geórgia, em vez de promover a pacificação.
O ministro de Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, rejeitou as acusações como um "conjunto de inverdades".


Com agências internacionais


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