São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2005

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Disputa de primeiras-damas rouba a cena

DE BUENOS AIRES

As principais faces da disputa entre Néstor Kirchner e Eduardo Duhalde durante a campanha que precedeu as eleições de hoje foram as das mulheres dos dois peronistas: tanto a primeira-dama, Cristina Kirchner, quanto a mulher do ex-presidente, Hilda "Chiche" Duhalde, concorrem ao Senado pela Província de Buenos Aires e dominaram as capas dos jornais argentinos nos últimos meses.
A briga em Buenos Aires é essencial nestas eleições pelo fato de a Província ser um reduto duhaldista. Pelas pesquisas de intenção de votos até agora, tanto "Chiche" quanto a primeira-dama Cristina devem conseguir se eleger a uma das três vagas que serão renovadas na província.
Entretanto, segundo analistas, se "Chiche" perder por uma diferença muito grande de votos, isso será considerado um sinal de enfraquecimento de Duhalde.
Cristina aparece em primeiro lugar em todas as pesquisas, e "Chiche" em segundo, mas a diferença entre ambas varia bastante.
As duas investem em imagens bem diferentes. Cristina é advogada e já tinha uma projeção política importante antes de Kirchner chegar à Presidência.
Ela é hoje uma das figuras políticas com melhor imagem diante da população argentina. Sua influência é tal que não se descarta a possibilidade de que ela se candidate à Presidência em 2001. A atual primeira-dama chama a atenção tanto por seu visual glamouroso como pela personalidade forte.
Já "Chiche", principal imagem de Duhalde nesta campanha, tem uma imagem de mulher mais simples. Deputada, é ligada a políticas sociais e vista pelos argentinos como comprometida com o combate à pobreza.

Mulheres no Congresso
As mulheres em geral foram as principais personagens das eleições legislativas na Argentina. O país possui um dos índices mais altos do mundo de mulheres no Congresso.
Nestas eleições, dos candidatos a deputados, por exemplo, 48% são mulheres. Na corrida pelo Senado argentino, da qual a primeira-dama é a representante mais famosa, o percentual sobe ainda mais: 51%.
Isso acontece porque uma lei de 1991 obriga os partidos políticos a apresentarem em suas listas para deputados e senadores, respectivamente 33% e 50% de candidatas mulheres. Um avanço em relação a outros países, principalmente da América Latina, embora analistas advirtam que a maior parte dessas mulheres não chegue à política por conta própria.
Em parte por conta de uma tradição iniciada por Evita Perón, que alcançou um enorme espaço durante o governo de seu marido Juan Domingo Perón, muitas candidatas são mulheres ou filhas de algum político.
"É certo que Cristina, "Chiche" e outras candidatas têm um perfil e personalidade própria. Mas, se não fosse pela insistência de seus maridos, não chegariam aonde estão hoje", diz Julio Burdman, do Centro de Estudos União para a Nova Maioria.
Uma exceção à regra, observa, é Elisa Carrió, do ARI (Argentinos por uma República de Iguais), que escolheu a carreira política por conta própria. Em 2003, candidatou-se à Presidência. Neste ano, concorre a deputada por Buenos Aires e está em segundo lugar nas intenções de voto.


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