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Hillary tenta reverter bloqueio a diplomatas
Secretária de Estado vai ao Congresso pleitear confirmação de indicados para chefe da diplomacia para região e embaixador no Brasil
Senador republicano reitera que só retirará seu veto aos nomes se EUA reconhecerem as eleições de Honduras mesmo sem volta de Zelaya
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, visitou
ontem o Congresso dos EUA
para, entre outras coisas, pedir
à bancada republicana que
aprove as indicações do secretário-assistente para o Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon, para a Embaixada do Brasil, e de seu sucessor, Arturo
Valenzuela. Ambos estão bloqueados pelo senador conservador Jim DeMint, da Carolina
do Sul, que discorda da abordagem do conflito em Honduras
pela Casa Branca.
"Estamos ansiosos por ter
ambos confirmados, nos seus
lugares e trabalhando", disse
ontem o porta-voz da Chancelaria, Ian Kelly, após chamar o
Brasil de "um de nossos parceiros mais importantes na região". A ofensiva diplomática
marca mais um lance no jogo de
paciência que virou a confirmação de duas peças fundamentais para a implantação da política latino-americana do governo Barack Obama, que aguardam a confirmação desde maio.
Hillary não está sozinha. Anteontem, nove dos antecessores de Shannon no cargo atual,
que trabalharam sob administrações republicanas e democratas desde 1976, enviaram
abaixo-assinado às lideranças
do Senado dizendo que as relações dos EUA com a América
Latina estão sendo prejudicadas pelo bloqueio e que elas
"mandam um sinal, ainda que
involuntário, de que o Senado
não considera nosso hemisfério prioridade importante".
Segundo o "Washington
Post", na carta, os ex-secretários-assistentes dizem que, embora nem sempre tenham concordado entre si nas políticas
para a região, estão de acordo
que a ausência de um titular do
novo governo para o cargo prejudica os EUA em questões de
imigração, energia, comércio
exterior e narcotráfico.
A carta veio se somar a outro
abaixo-assinado, enviado há
dois dias por uma associação de
empresários, que pede urgência na aprovação de cinco cargos ainda parados no Senado,
entre eles o de secretário-assistente e o de embaixador para o
Brasil. "Essas vagas são importantes, e a passagem de cada semana deixa os EUA em grande
desvantagem no campo global", escreveu a National Association of Manufacturers.
Ainda assim, DeMint voltou
a dizer ontem que não retirará
o bloqueio aos nomes de Shannon e Valenzuela, que ele mantém desde julho, enquanto o
governo Obama não disser que
aceitará o resultado das eleições presidenciais hondurenhas, mesmo se o presidente
deposto Manuel Zelaya não
voltar ao poder. "DeMint está
disposto a levantar suas objeções quando o Departamento
de Estado se comprometer publicamente a reconhecer as
eleições de 29 de novembro",
disse Wesley Denton, porta-voz do senador.
O republicano é contra a posição de Obama de condenar o
golpe hondurenho e critica a
proximidade de Zelaya com o
venezuelano Hugo Chávez.
Além disso, segundo documento obtido por Liz Harper, da
"Americas Quarterly", ele e alguns colegas de Senado acham
que Thomas Shannon seria
progressista demais.
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