São Paulo, sexta-feira, 23 de outubro de 2009

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Hillary tenta reverter bloqueio a diplomatas

Secretária de Estado vai ao Congresso pleitear confirmação de indicados para chefe da diplomacia para região e embaixador no Brasil

Senador republicano reitera que só retirará seu veto aos nomes se EUA reconhecerem as eleições de Honduras mesmo sem volta de Zelaya


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, visitou ontem o Congresso dos EUA para, entre outras coisas, pedir à bancada republicana que aprove as indicações do secretário-assistente para o Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon, para a Embaixada do Brasil, e de seu sucessor, Arturo Valenzuela. Ambos estão bloqueados pelo senador conservador Jim DeMint, da Carolina do Sul, que discorda da abordagem do conflito em Honduras pela Casa Branca.
"Estamos ansiosos por ter ambos confirmados, nos seus lugares e trabalhando", disse ontem o porta-voz da Chancelaria, Ian Kelly, após chamar o Brasil de "um de nossos parceiros mais importantes na região". A ofensiva diplomática marca mais um lance no jogo de paciência que virou a confirmação de duas peças fundamentais para a implantação da política latino-americana do governo Barack Obama, que aguardam a confirmação desde maio.
Hillary não está sozinha. Anteontem, nove dos antecessores de Shannon no cargo atual, que trabalharam sob administrações republicanas e democratas desde 1976, enviaram abaixo-assinado às lideranças do Senado dizendo que as relações dos EUA com a América Latina estão sendo prejudicadas pelo bloqueio e que elas "mandam um sinal, ainda que involuntário, de que o Senado não considera nosso hemisfério prioridade importante".
Segundo o "Washington Post", na carta, os ex-secretários-assistentes dizem que, embora nem sempre tenham concordado entre si nas políticas para a região, estão de acordo que a ausência de um titular do novo governo para o cargo prejudica os EUA em questões de imigração, energia, comércio exterior e narcotráfico.
A carta veio se somar a outro abaixo-assinado, enviado há dois dias por uma associação de empresários, que pede urgência na aprovação de cinco cargos ainda parados no Senado, entre eles o de secretário-assistente e o de embaixador para o Brasil. "Essas vagas são importantes, e a passagem de cada semana deixa os EUA em grande desvantagem no campo global", escreveu a National Association of Manufacturers.
Ainda assim, DeMint voltou a dizer ontem que não retirará o bloqueio aos nomes de Shannon e Valenzuela, que ele mantém desde julho, enquanto o governo Obama não disser que aceitará o resultado das eleições presidenciais hondurenhas, mesmo se o presidente deposto Manuel Zelaya não voltar ao poder. "DeMint está disposto a levantar suas objeções quando o Departamento de Estado se comprometer publicamente a reconhecer as eleições de 29 de novembro", disse Wesley Denton, porta-voz do senador.
O republicano é contra a posição de Obama de condenar o golpe hondurenho e critica a proximidade de Zelaya com o venezuelano Hugo Chávez. Além disso, segundo documento obtido por Liz Harper, da "Americas Quarterly", ele e alguns colegas de Senado acham que Thomas Shannon seria progressista demais.


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