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COMENTÁRIO
Mercosul mostra seu peso pró-democracia
do Conselho Editorial
Se houve mesmo uma tentativa
abortada de golpe de Estado no
Paraguai, desta vez seus parceiros
do Mercosul não precisaram intervir para evitá-lo.
Mas o peso da chamada "cláusula democrática" do bloco continua sendo uma âncora poderosa.
Basta saber que, na suposta cronologia golpista publicada pelo
jornal "Notícias", estava prevista
a convocação praticamente imediata de eleições (em oito dias).
Governos militares na América
Latina jamais tiveram um horizonte temporal tão reduzido.
É razoável deduzir que a "cláusula democrática", pela qual a
participação no Mercosul fica
condicionada à manutenção das
regras da democracia, pesou decisivamente para evitar dois golpes
anteriores.
O primeiro, em 1996, foi ensaiado pelo general Lino Oviedo, que
acabou preso, processado e condenado (a dez anos) pela tentativa. O segundo viria supostamente
na esteira do assassinato em março do vice-presidente Argaña. O
então presidente Raúl Cubas e seu
fiel aliado Oviedo, ambos inimigos acérrimos de Argaña, ficaram
na posição de suspeitos naturais.
Sob pressão do Mercosul, Cubas renunciou e asilou-se no Brasil, ao passo que Oviedo fugiu para a Argentina.
O episódio de março caminhava para um confronto entre partidários de Oviedo e de Argaña (alguns jovens foram assassinados
por paramilitares supostamente
vinculados ao general). A intervenção dos países do Mercosul, liderados pelo Brasil, impediu o
conflito, ao sugerir a renúncia de
Cubas e, no caso do Brasil, garantir-lhe refúgio.
Mas a eficácia da "cláusula democrática" não tem bastado para
impedir a contínua turbulência
no Paraguai, mesmo após a formação de um governo de unidade
nacional chefiado por Macchi. Os
incidentes de domingo são a prova mais acabada de que a estabilidade não está assegurada.
(CR)
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