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CRISE SOCIAL
Estudo mostra piora na distribuição de renda no país
Pobres na Argentina já somam 29% da população, diz Bird
VANESSA ADACHI
de Buenos Aires
Mais de um terço dos argentinos vive em condição de pobreza
ou indigência, segundo um estudo que está sendo concluído pelo
Banco Mundial (Bird).
Cerca de 29% da população da
Argentina, o equivalente a 11 milhões de pessoas, ganhavam menos de US$ 160 por mês em dezembro de 98. Esse valor seria o
mínimo necessário para pagar
uma cesta mensal que inclui serviços básicos e alimentação.
O trabalho aponta, ainda, que
7% da população, ou 2,6 milhões
de pessoas, é indigente. Estão nessa categoria aqueles que não alcançam a renda mensal de US$
70, necessária para garantir uma
dieta mínima.
A pesquisa será entregue ao futuro presidente, Fernando de la
Rúa, que toma posse em 10 de dezembro. Os números do Banco
Mundial, que pela primeira vez
medem a pobreza em âmbito nacional e não só na capital federal
ou na Província de Buenos Aires,
foram antecipados pelo jornal
"Página 12". O Bird analisou 28
centros urbanos, que concentram
70% da população total do país.
O estudo aponta para uma piora na distribuição de renda do
país a partir de 94 e conclui que, se
não houvesse ocorrido isso, o país
teria 1,5 milhão a menos de pobres hoje. Em 94, segundo o Bird,
20% da população estava abaixo
da linha de pobreza.
Em relação ao final da década
de 80, quando o país sofria com a
hiperinflação do final do governo
de Raúl Alfonsín, a pobreza está
menor. Naquele período, 40%
dos argentinos eram pobres.
O estudo mostra que a distribuição de renda piorou nos últimos anos. Em 94, os 20% mais ricos da população tinham uma
renda 11 vezes superior à dos 20%
mais pobres. Atualmente, essa
proporção é de 14,7 vezes.
Entre 92, quando o país vivia a
plena estabilidade, e 95, após a
crise mexicana, a renda da classe
mais baixa caiu 20%. A renda da
classe média baixou 15%, enquanto os ricos enfrentaram uma
redução de apenas 5%.
Segundo Haeduck Lee, responsável pelo estudo do Bird, a principal razão para explicar a piora
na distribuição de renda é que cada vez mais se amplia a diferença
de remuneração entre os trabalhadores mais qualificados e os
menos qualificados.
De 92 a 98, segundo ele, a renda
média "per capita" se manteve estável em torno de US$ 300. No entanto a renda dos trabalhadores
mais qualificados cresceu de 15%
a 20% no período, enquanto os
menos qualificados perderam na
mesma proporção.
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