São Paulo, Terça-feira, 23 de Novembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRISE SOCIAL
Estudo mostra piora na distribuição de renda no país
Pobres na Argentina já somam 29% da população, diz Bird

VANESSA ADACHI
de Buenos Aires

Mais de um terço dos argentinos vive em condição de pobreza ou indigência, segundo um estudo que está sendo concluído pelo Banco Mundial (Bird).
Cerca de 29% da população da Argentina, o equivalente a 11 milhões de pessoas, ganhavam menos de US$ 160 por mês em dezembro de 98. Esse valor seria o mínimo necessário para pagar uma cesta mensal que inclui serviços básicos e alimentação.
O trabalho aponta, ainda, que 7% da população, ou 2,6 milhões de pessoas, é indigente. Estão nessa categoria aqueles que não alcançam a renda mensal de US$ 70, necessária para garantir uma dieta mínima.
A pesquisa será entregue ao futuro presidente, Fernando de la Rúa, que toma posse em 10 de dezembro. Os números do Banco Mundial, que pela primeira vez medem a pobreza em âmbito nacional e não só na capital federal ou na Província de Buenos Aires, foram antecipados pelo jornal "Página 12". O Bird analisou 28 centros urbanos, que concentram 70% da população total do país.
O estudo aponta para uma piora na distribuição de renda do país a partir de 94 e conclui que, se não houvesse ocorrido isso, o país teria 1,5 milhão a menos de pobres hoje. Em 94, segundo o Bird, 20% da população estava abaixo da linha de pobreza.
Em relação ao final da década de 80, quando o país sofria com a hiperinflação do final do governo de Raúl Alfonsín, a pobreza está menor. Naquele período, 40% dos argentinos eram pobres.
O estudo mostra que a distribuição de renda piorou nos últimos anos. Em 94, os 20% mais ricos da população tinham uma renda 11 vezes superior à dos 20% mais pobres. Atualmente, essa proporção é de 14,7 vezes.
Entre 92, quando o país vivia a plena estabilidade, e 95, após a crise mexicana, a renda da classe mais baixa caiu 20%. A renda da classe média baixou 15%, enquanto os ricos enfrentaram uma redução de apenas 5%.
Segundo Haeduck Lee, responsável pelo estudo do Bird, a principal razão para explicar a piora na distribuição de renda é que cada vez mais se amplia a diferença de remuneração entre os trabalhadores mais qualificados e os menos qualificados.
De 92 a 98, segundo ele, a renda média "per capita" se manteve estável em torno de US$ 300. No entanto a renda dos trabalhadores mais qualificados cresceu de 15% a 20% no período, enquanto os menos qualificados perderam na mesma proporção.


Texto Anterior: Mercosul mostra seu peso pró-democracia
Próximo Texto: Disputa religiosa: Igreja Católica faz "greve" na Terra Santa
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.