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DISPUTA RELIGIOSA
Em protesto contra construção de mesquita em Nazaré, igrejas fecham as portas por dois dias
Igreja Católica faz "greve" na Terra Santa
das agências internacionais
As igrejas católicas da Terra
Santa permaneceram fechadas
ontem em protesto contra uma
decisão do governo de Israel de
autorizar a construção de uma
mesquita próximo à basílica da
Anunciação, em Nazaré.
"Fomos obrigados a fechar nossas igrejas para que nossa voz seja
ouvida", disse o patriarca latino
Michel Sabbah, líder da Igreja Católica na Terra Santa.
Igrejas em território israelense e
em municípios sob controle da
Autoridade Nacional Palestina
(como Belém) deixaram de funcionar. Só devem reabrir amanhã,
após dois dias de "greve".
Três dos mais importantes pontos de peregrinação cristã -a
igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, a da Natividade, em Belém,
e a própria basílica da Anunciação- não abriram suas portas,
para desespero dos turistas.
O governo israelense disse lamentar o fechamento das igrejas e
prometeu continuar protegendo
os interesses cristãos no país.
A nova disputa entre Israel e a
Igreja Católica pode tumultuar os
preparativos da visita do papa
João Paulo 2º à Terra Santa, prevista para março de 2000 como
parte das comemorações do Jubileu do cristianismo.
A disputa entre cristãos e muçulmanos por um terreno próximo à basílica em Nazaré começou
há dois anos. Os cristãos queriam
construir uma praça para receber
os visitantes nas celebrações do
milênio, enquanto os muçulmanos reivindicavam o espaço para
erguer uma mesquita.
Há cerca de um mês, Israel decidiu permitir a construção da mesquita em um terço do terreno,
deixando o restante para a praça
da basílica da Anunciação.
Pedra fundamental
Cerca de 200 muçulmanos rezavam ontem no local. Um dos líderes islâmicos anunciou que uma
cerimônia será celebrada hoje para a colocação da pedra fundamental da mesquita.
"Uma mesquita e uma igreja
são ambas casas de Deus", afirmou Ahmed Abu Nawaf, integrante do clero muçulmano de
Nazaré, maior cidade de população árabe em Israel.
Segundo a crença islâmica, o
terreno em disputa tem importância religiosa por ser o local onde foi enterrado Shehab el-Din,
sobrinho de Saladino, herói muçulmano que expulsou os cruzados de Jerusalém no século 12.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat,
tentou convencer o representante
do Vaticano a manter aberta a
igreja da Natividade, em Belém.
Seu pedido não foi atendido.
A atuação de Arafat no episódio
causou mal-estar entre as autoridades israelenses, que preferiam
que ele se mantivesse fora dessa
crise entre Israel e o Vaticano.
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