São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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IRAQUE NA MIRA

Presidentes exortam Saddam a cooperar com inspetores da ONU e dizem que recusa terá "consequências sérias"

Putin diz a Bush que é contra ação unilateral dos EUA

DA REDAÇÃO

O presidente russo, Vladimir Putin, e seu colega americano, George W. Bush, exortaram ontem o Iraque a respeitar a resolução do Conselho de Segurança da ONU que exige que o país se desarme. Mas Putin disse, em encontro com Bush em Pushkin (leste da Rússia), que os EUA não devem lançar uma ofensiva unilateral contra Bagdá e salientou que, antes disso, a guerra ao terrorismo tem de ser intensificada.
"Penso que devemos nos manter dentro dos limites estabelecidos pelo trabalho que vem sendo feito na ONU. Assim, obteremos bons resultados", declarou Putin. Anteriormente, porém, os dois líderes divulgaram uma declaração conjunta na qual se mostravam irredutíveis em relação ao Iraque.
"Exortamos o Iraque a cooperar total e incondicionalmente com os esforços da ONU relacionados ao desarmamento do país. Caso isso não ocorra, Bagdá terá de enfrentar consequência sérias", disseram os dois presidentes na declaração conjunta.
Eles não afirmaram que essas "consequências sérias" seriam ligadas à ameaça de lançar uma ofensiva militar contra o regime do ditador iraquiano, Saddam Hussein. Mesmo assim, mais uma vez, a declaração conjunta serviu para pressionar Saddam a aceitar a inspeção e a destruição de suas armas não-convencionais.
Moscou, que era aliada do Iraque nos tempos da União Soviética e tem interesses relacionados ao petróleo do país, quer ter certeza de que a inspeção de armas não será usada por Washington como pretexto para lançar uma ofensiva militar, que poderia afetar os interesses russos na região.
Logo após o evento com Putin, Bush foi para a Lituânia, que era uma das repúblicas soviéticas e é um dos sete países do Leste Europeu que, anteontem, durante a cúpula da Otan em Praga, foram convidados a aderir à aliança.
Em seu encontro com Putin, Bush buscou abrandar possíveis tensões criadas pela nova expansão da aliança militar ocidental, afirmando que ela não representa uma ameaça para Moscou. Além da Lituânia, seis outros países deverão aderir à Otan em 2004: Bulgária, Estônia, Letônia, Romênia, Eslováquia e Eslovênia
Putin, por sua vez, disse que a expansão da Otan para países que pertenciam à esfera de influência soviética não deve ser um problema contanto que a aliança "respeite os compromissos assumidos durante sua cúpula em Praga" relacionados à reforma de suas estruturas.
Em Praga, os líderes da Otan também afirmaram que a ampliação da aliança não tem como objetivo ameaçar a posição russa no leste da Europa.

Iraque
Em Bagdá, os inspetores da ONU fizeram ontem uma limpeza em seus escritórios no Canal Hotel, que não foram usados nos últimos quatro anos. As inspeções começarão na próxima semana.
"Todas as salas estão bem sujas. Mas estamos fazendo uma boa limpeza e deveremos estar prontos para receber a delegação que chegará no início da próxima semana", disse Yashuhiro Ueki, porta-voz da missão da ONU.


Com agências internacionais

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