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ANÁLISE
Ação nas zonas de exclusão já faz parte da guerra
PETER GRAFF
DA REUTERS
Se outra guerra contra o Iraque
for declarada, as forças lideradas
por Washington não precisarão
gastar tempo na destruição das
defesas antiaéreas do país. Afinal,
EUA e Reino Unido já controlam
o espaço aéreo iraquiano.
"Até agora, vemos que o trabalho realizado nas duas ou três primeiras semanas da Guerra do
Golfo [1991] já foi realizado", afirmou Paul Beaver, especialista britânico em assuntos de defesa.
"Não há nenhuma dúvida de
que, nos últimos seis meses, tem
ocorrido uma gradual degradação das estruturas de comando do
Iraque e de seus sistemas de controle e de defesa antiaérea. Na verdade, isso serviu para reduzir significativamente a capacidade do
Iraque de detectar a invasão de
seu espaço aéreo por aeronaves
inimigas", acrescentou.
Os EUA e seus aliados poderão,
portanto, realizar uma campanha
aérea agressiva (e breve) antes de
iniciar a guerra terrestre, de acordo com especialistas em questões
militares. Porém, diferentemente
do que ocorreu em 1991, há muita
incerteza a respeito do que poderá
ocorrer nesse estágio da ofensiva
militar no Iraque.
Em 1991, a coalizão liderada pelos EUA conseguiu obrigar os soldados iraquianos a deixar o Kuait
depois de cinco semanas de bombardeios e de apenas quatro dias
de combates terrestres. E duas semanas se passaram antes que o
general Normal Schwarzkopf, comandante das forças aliadas, pudesse declarar que controlava o
espaço aéreo iraquiano.
Atualmente, com as defesas antiaéreas iraquianas já bastante minadas, os aviões americanos e britânicos (que patrulham as zonas
de exclusão aérea) já gozam de
grande liberdade de ação.
"Eles [os aviões] poderão atacar
rapidamente o que bem quiserem, sabendo que os iraquianos
não poderão responder às suas
ações", disse Tim Ripley, do Centro de Estudos Internacionais e de
Defesa da Universidade de Lancaster (Reino Unido).
Assim, os aviões aliados poderiam ir diretamente para uma fase
que os militares costumam chamar de "preparação do campo de
batalha". Normalmente, isso significa "bombardear intensivamente o Exército inimigo", segundo Ripley. Mas, desta vez, a situação deverá ser diferente.
Desafios distintos
Em 1991, de acordo com a frase
do então chefe do Estado-Maior
das Forças Armadas, Colin Powell, o objetivo era "isolar" o
Exército iraquiano no Kuait e, depois, "destruí-lo".
Desta feita, um dos objetivos será tentar convencer comandantes
militares iraquianos a abandonar
o ditador Saddam Hussein. Num
cenário muito bem-visto em
Washington, esses militares poderiam protagonizar um golpe de
Estado que derrubaria Saddam
em poucos dias, deixando o Exército mais ou menos intacto para
manter a ordem pública.
"Falamos aqui de uma guerra
psicológica. Assim, a "preparação
do campo de batalha" não diz respeito a destruir as coisas, mas a
transformar a cena política iraquiana", afirmou Ripley.
Nos últimos dez anos, as aeronaves americanas e britânicas que
patrulham as zonas de exclusão
aérea (situadas no norte e no sul
do Iraque) destruíram inúmeras
instalações de defesa antiaérea
iraquianas. Nos últimos meses,
elas intensificaram os ataques,
bombardeando bunkers de comando e de controle do Exército
iraquiano com frequência.
Washington espera que uma rápida ofensiva aérea impeça que
Saddam consiga reunir forças para responder aos ataques ou para
ameaçar seus vizinhos, reduzindo
o número de baixas entre os civis
e acalmando o mundo árabe.
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