São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Exército lança ofensiva contra o Hamas nos territórios palestinos; funcionário da ONU morre em tiroteio em Jenin

Israel reocupa Belém em resposta a ataque

DA REDAÇÃO

Israel reocupou ontem a cidade de Belém (Cisjordânia), como parte de ofensiva contra extremistas palestinos que anteontem mataram ao menos 11 pessoas e feriram 49 em Jerusalém Ocidental.
Um funcionário britânico da ONU, Iain John Hook, 54, morreu durante troca de tiros entre tropas israelenses que procuravam um líder do Jihad Islâmico e palestinos no campo de refugiados de Jenin. Foi o primeiro integrante do organismo internacional a morrer na Intifada (levante palestino contra a ocupação, iniciado em setembro de 2000).
Não estava claro quem foi o autor dos disparos que o acertaram num escritório improvisado dentro de um trailer. "Várias balas acertaram o trailer e o atingiram", contou Sami Mshasha, porta-voz da ONU na região.
Outro porta-voz da ONU em Nova York disse que o secretário-geral Kofi Annan ficou irritado com o fato de o Exército de Israel ter retardado a chegada de uma ambulância enviada para socorrer o funcionário da UNRWA (agência que ajuda os refugiados palestinos).
Fontes palestinas disseram ainda que um menino de 10 anos morreu baleado na ação em Jenin. O Exército de Israel não confirmou a informação.
A reocupação de Belém foi ordenada pelo premiê Ariel Sharon após a identificação do homem-bomba de 23 anos que se explodiu num ônibus de Jerusalém. Ele partiu daquela região da Cisjordânia para realizar o atentado.

Igreja fechada
Os militares israelenses entraram na cidade antes do amanhecer. Fecharam a igreja da Natividade -local onde, segundo a tradição, Jesus nasceu- para evitar que militantes se refugiassem em seu interior, repetindo o ocorrido durante uma invasão em abril.
Doron Spielman, porta-voz do Exército, disse que a missão dos soldados é "mudar a realidade em Belém", que, segundo ele, teria sido tomada nos últimos meses pela "infra-estrutura do terror".
Como o país já havia reocupado Hebron na semana passada, também em resposta a um atentado, Israel voltou a controlar todos os grandes centros populacionais palestinos da Cisjordânia, com a exceção de Jericó.
Ao menos 20 suspeitos de terrorismo foram presos em Belém e outros 16 em outras localidades. Embora Sharon tenha de mostrar firmeza na repressão ao levante palestino para obter ganhos políticos nas eleições de janeiro, ele sofre pressões dos EUA para moderar a violência da resposta.
Washington deseja ver o conflito israelo-palestino controlado para poder manter no topo da agenda diplomática o desarmamento de Saddam Hussein e uma eventual guerra contra o Iraque.
O alvo das novas operações israelenses são, sobretudo, membros do Hamas, grupo extremista islâmico que reivindicou a autoria do atentado de anteontem. A casa do suicida, em Belém, foi demolida. Outras duas residências de integrantes do Hamas foram destruídas na faixa de Gaza.
Um soldado israelense morreu após ser atingido ontem por atiradores palestinos perto do bloco de colônias de Gush Katif, em Gaza.
Um policial da Autoridade Nacional Palestina também morreu, aparentemente em razão de disparo de tanque perto da colônia de Netzarim. Segundo a versão israelense, ele teria sido flagrado tentando invadir o assentamento judaico.
Ao menos 1.677 palestinos e 662 israelenses já morreram na Intifada, a revolta palestina iniciada em setembro de 2000.

Pesquisa
Novas pesquisas de opinião publicadas ontem pelos jornais israelenses mostram que Ariel Sharon lidera com 16 a 18 pontos percentuais a disputa contra o chanceler e ex-premiê Binyamin Netanyahu pela liderança do partido Likud (centro-direita).
As primárias do Likud, marcadas para a próxima quinta-feira, devem definir quem será o primeiro-ministro do país após as eleições de 28 de janeiro, já que as pesquisas apontam uma grande vitória do Likud no pleito parlamentar.


Com agências internacionais

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