São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 2008

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Uribe rechaça mediação estrangeira em resgate

Cruz Vermelha deve cuidar de libertações das Farc, diz ele

Em referência a Chávez, colombiano afirma que não quer envolver no processo nenhuma "personalidade da comunidade internacional"


DA REDAÇÃO

Em seu primeiro pronunciamento desde que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) anunciaram a libertação unilateral de seis reféns, na véspera, o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, recusou ontem a mediação internacional na operação, prevista para o começo de janeiro.
Uribe afirmou que só aceitará a intermediação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). "Se as Farc os vão libertar, terão [a ajuda do] CICV, mas não vamos permitir um espetáculo político nem que se engane o país", afirmou. "O governo não permitirá que se criem riscos para as relações internacionais envolvendo personalidades da comunidade internacional."
Foi uma clara resposta à senadora de oposição Piedad Córdoba, incumbida pelas Farc de receber os reféns. Para tanto, ela havia pedido a ajuda "logística" do presidente venezuelano Hugo Chávez, outro adversário político de Uribe, que chegou a ser acusado pelo colombiano de financiar as Farc.
A Venezuela respondeu ontem que respeita a decisão do presidente colombiano.
O anúncio da libertação dos reféns Alan Jara (ex-governador do departamento de Meta e em cativeiro desde 2001), Sigifredo López (ex-deputado seqüestrado em 2002) e de três policiais e um militar não identificados foi feito pelas Farc no domingo, em uma carta divulgada pela Agência de Notícias Nova Colômbia (Anncol), próxima ao grupo rebelde.
Trata-se da primeira libertação unilateral desde o começo do ano, quando seis políticos foram soltos como desagravo ao próprio Chávez e seus esforços de interlocução, depois vetados por Uribe.
As Farc vêm sendo debilitadas por deserções, pela morte de líderes importantes e por ações militares bem-sucedidas do governo colombiano, como a que resgatou Ingrid Betancourt em julho. Com isso, ficou cada vez mais difícil que o grupo rebelde conseguisse trocar seus reféns pelos 500 de seus integrantes que estão presos.
A carta das Farc foi endereçada ao grupo de intelectuais Colombianos pela Paz, que tem Piedad Córdoba entre seus líderes. O texto indica também que a força guerrilheira aceita um encontro ao vivo com os intelectuais, durante o qual se "permita delinear um grande acordo nacional rumo à paz, para construir coletivamente alternativas políticas à guerra e à injustiça social".


Com agências internacionais


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