São Paulo, quinta-feira, 24 de janeiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Destino dos presos ainda é incerto, diz governo

PATRICK JARREAU
DO "LE MONDE"

O número dois da diplomacia americana, Richard Armitage, disse que o destino dos prisioneiros que estão em Guantánamo ainda é incerto. "Nenhuma decisão foi tomada quanto ao que acontecerá com esses prisioneiros numa próxima etapa", afirmou o secretário-adjunto de Estado. Ele reiterou que, do ponto de vista americano, os detidos não podem ser considerados prisioneiros de guerra, porque não são soldados de um Exército regular, mas terroristas.

Pergunta - Como o sr. responde às críticas sobre as condições dos prisioneiros de Guantánamo?
Richard Armitage -
Vamos tratar esses prisioneiros de acordo com as Convenções de Genebra. Por exemplo, eles recebem alimentação médica e culturalmente correta. Eles tomam banho de chuveiro, têm calçados e roupas, têm acompanhamento médico etc. Isso será mantido. Daremos um tratamento humanitário.
Não os consideramos prisioneiros de guerra. Mesmo os integrantes do Taleban, por exemplo, eram terroristas que agiam contra os civis. As Convenções de Genebra se aplicam aos integrantes de Forças Armadas regulares, que representam um governo que trava a guerra, respeitando suas leis e usos. Não era, com certeza, o caso dos integrantes do Taleban. Nós não quisemos essa guerra -fomos lançados nela.

Pergunta - O americano John Walker Lindh é aguardado nos EUA, onde ele será julgado, sendo que três britânicos se encontram em Guantánamo. A que se deve essa desigualdade de tratamento?
Armitage -
Não creio que se possa falar em desigualdade. Perante a Justiça americana, Walker está sujeito a quatro condenações à prisão perpétua. Acho que, em certo sentido, ele preferiria muito estar em Guantánamo. Ele sabe que o que o aguarda será duro.

Pergunta - Consta que a guerra contra o terrorismo está sendo travada por uma coalizão. Por que, então, o destino dos prisioneiros não fica a cargo da coalizão?
Armitage -
Mas não sabemos qual será esse destino. Por enquanto, estamos na etapa de procurar obter informações. Queremos explorar toda e qualquer informação de que esses prisioneiros possam dispor, para prevenir outros ataques terroristas e saber em que direção agir nas próximas etapas.
Nenhuma decisão foi tomada quanto ao que acontecerá com esses prisioneiros numa próxima etapa. Tenho a impressão de que boa parte deles será reenviada aos países onde eles viviam antes de irem para o Afeganistão. O que queremos é estar certos de que, quando retornarem a seus países, eles sejam submetidos a inquéritos judiciais.


Tradução de Clara Allain


Texto Anterior: Bush quer dar mais US$ 48 bi aos militares
Próximo Texto: Oriente Médio: Hizbollah volta a atacar posições israelenses no Golã
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.