|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Destino dos presos ainda é incerto, diz governo
PATRICK JARREAU
DO "LE MONDE"
O número dois da diplomacia
americana, Richard Armitage,
disse que o destino dos prisioneiros que estão em Guantánamo
ainda é incerto. "Nenhuma decisão foi tomada quanto ao que
acontecerá com esses prisioneiros
numa próxima etapa", afirmou o
secretário-adjunto de Estado. Ele
reiterou que, do ponto de vista
americano, os detidos não podem
ser considerados prisioneiros de
guerra, porque não são soldados
de um Exército regular, mas terroristas.
Pergunta - Como o sr. responde
às críticas sobre as condições dos
prisioneiros de Guantánamo?
Richard Armitage - Vamos tratar
esses prisioneiros de acordo com
as Convenções de Genebra. Por
exemplo, eles recebem alimentação médica e culturalmente correta. Eles tomam banho de chuveiro, têm calçados e roupas, têm
acompanhamento médico etc. Isso será mantido. Daremos um
tratamento humanitário.
Não os consideramos prisioneiros de guerra. Mesmo os integrantes do Taleban, por exemplo,
eram terroristas que agiam contra
os civis. As Convenções de Genebra se aplicam aos integrantes de
Forças Armadas regulares, que
representam um governo que trava a guerra, respeitando suas leis e
usos. Não era, com certeza, o caso
dos integrantes do Taleban. Nós
não quisemos essa guerra -fomos lançados nela.
Pergunta - O americano John
Walker Lindh é aguardado nos
EUA, onde ele será julgado, sendo
que três britânicos se encontram
em Guantánamo. A que se deve essa desigualdade de tratamento?
Armitage - Não creio que se possa falar em desigualdade. Perante
a Justiça americana, Walker está
sujeito a quatro condenações à
prisão perpétua. Acho que, em
certo sentido, ele preferiria muito
estar em Guantánamo. Ele sabe
que o que o aguarda será duro.
Pergunta - Consta que a guerra
contra o terrorismo está sendo travada por uma coalizão. Por que,
então, o destino dos prisioneiros
não fica a cargo da coalizão?
Armitage - Mas não sabemos
qual será esse destino. Por enquanto, estamos na etapa de procurar obter informações. Queremos explorar toda e qualquer informação de que esses prisioneiros possam dispor, para prevenir
outros ataques terroristas e saber
em que direção agir nas próximas
etapas.
Nenhuma decisão foi tomada
quanto ao que acontecerá com esses prisioneiros numa próxima
etapa. Tenho a impressão de que
boa parte deles será reenviada aos
países onde eles viviam antes de
irem para o Afeganistão. O que
queremos é estar certos de que,
quando retornarem a seus países,
eles sejam submetidos a inquéritos judiciais.
Tradução de Clara Allain
Texto Anterior: Bush quer dar mais US$ 48 bi aos militares Próximo Texto: Oriente Médio: Hizbollah volta a atacar posições israelenses no Golã Índice
|