São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 1999

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Urbanização e ocidentalização contribuem para o fim da prática

da Revista Folha

Em decadência no mundo todo, a poligamia ainda existe em grande parte da África. A prática de o homem se casar com mais de uma mulher, porém, tem se tornado inviável com o desenvolvimento e urbanização da sociedade.
Nas sociedades africanas, a poligamia foi a base da economia rural. A quantidade de mulheres e, portanto, de filhos que um homem tinha era reflexo de sua riqueza.
Hoje em dia, o sistema poligâmico começa a perder força nos centros urbanos africanos, principalmente entre as elites de maior escolaridade, que passaram pelas universidades moldadas nos padrões ocidentais, explica o antropólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Peter Fry.
A poligamia existia nas sociedades pré-islâmicas, como a assíria, a persa e a egípcia. Foram criados os haréns, onde eram mantidas as mulheres e concubinas do homem. Quanto maior o harém, mais rico e importante era o homem. Os haréns existiram até o começo do século 20 em alguns países árabes.
Os países islâmicos adotaram no século 7 as regras sobre casamento estabelecidas pelo Corão. De acordo com o livro sagrado muçulmano, o homem pode ter até quatro mulheres, contanto que preencha algumas condições, como ter meios para mantê-las e tratá-las igualmente. Ele também deve justificar porque precisa de tantas mulheres.
Na Índia, os brâmanes, a mais alta casta hindu, tinham um complexo sistema de escolha de parceiros, que causou uma falta de "maridos adequados" na casta. Isso levou à prática de poligamia, com um homem chegando a ter 50 mulheres, a maioria das quais ele não via e nem mantinha. O costume foi atacado por reformadores no século 19, e a prática deixou de existir.
O caso mais conhecido de poligamia no mundo ocidental é o dos mórmons, nos Estados Unidos. Perseguidos nos Estados de Illinois, Ohio e Missouri, os religiosos se fixaram no vale de Great Salt. Os mórmons tiveram de pedir seis vezes para serem admitidos como o 45º Estado da Federação, mas só tiveram sucesso em 1896, depois que renunciaram à poligamia.
Nos primórdios de sua história, os judeus aceitavam a poligamia. O patriarca Abraão tinha três mulheres, e Jacó, duas. Mas a prática foi abolida no século 11.
A Igreja Católica nunca permitiu a poligamia. (AOA)



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