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ELEIÇÃO
Crise inquieta UE, diz diplomata
Acordo entre Europa e Irã fica mais distante
DA REDAÇÃO
A esperança do Irã de conseguir
fechar um lucrativo acordo comercial com a União Européia
(UE) sofreu um duro golpe ontem, quando o bloco criticou a exclusão de cerca de 2.500 candidatos reformistas da eleição legislativa realizada na sexta-feira, no
Irã, classificando a ação de um
"obstáculo para a democracia".
Diplomatas europeus disseram
que, mesmo que o relatório da
ONU sobre o programa nuclear
iraniano venha a ser favorável a
Teerã, a UE passará a ter mais cuidado em suas relações com o Irã,
já que o país agora é quase totalmente dominado pela linha dura.
Com a perda da maioria no Parlamento (os conservadores deverão conquistar ao menos 149 das
290 cadeiras do Majlis), os reformistas têm agora como seu último representante nas esferas
mais elevadas do poder o presidente Mohammad Khatami.
Porém seu poder é limitado,
pois certos órgãos controlados
pelos conservadores, como o
Conselho de Guardiães, e o líder
supremo do país, o aiatolá Ali
Khamenei, podem anular suas
decisões ou minar suas iniciativas
políticas mais ousadas.
Um diplomata europeu -que
não quis identificar-se- disse
que as relações entre a UE e Teerã
sofrerão um "certo resfriamento,
pois o bloco está inquieto". Ele
disse crer que as negociações entre as duas partes sobre o acordo
comercial não deverão ser retomadas tão cedo. Elas foram suspensas, em 2003, por conta de
acusações, feitas pelo governo dos
EUA, de que Teerã buscava dotar-se de armamentos nucleares.
"Nossos interlocutores eram os
reformistas. Só restam agora o
presidente Khatami e seu chanceler [Kamal Kharrazi]", afirmou o
diplomata europeu.
Os chanceleres dos 25 atuais e
futuros países-membros da UE
disseram, em Bruxelas, que a "interferência" da linha dura na eleição da última sexta-feira fora uma
"decepção", após quase uma década de progressos em direção a
uma liberalização do regime político iraniano. Khatami foi eleito
pela primeira vez em 1997.
A UE condicionou a retomada
das negociações sobre o acordo
comercial e de cooperação ao respeito, por parte do Irã, de normas
impostas pela Agência Internacional de Energia Atômica. Os europeus querem que os iranianos
aceitem inspeções sem aviso prévio de suas instalações nucleares.
Mohammed El Baradei, que
chefia a AIEA (que faz parte da
ONU), divulgará um relatório sobre o grau de cooperação de Teerã
com a agência nesta semana. Os
EUA pensam que o programa do
Irã tem fins militares. Teerã nega.
Os EUA também criticaram o
controle da linha dura sobre a política iraniana. "Continuamos a
crer que o povo iraniano mereça
ter suas aspirações levadas em
consideração por seu governo",
afirmou Richard Boucher, porta-voz do Departamento de Estado.
Com agências internacionais
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