São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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FILHOS DO TERROR

Pais fazem homenagem e dão a bebês o nome do líder do Hamas

Em Gaza, nascem cinco "Yassin"

DA REUTERS, EM GAZA

O líder do grupo terrorista Hamas, xeque Ahmed Yassin, foi morto anteontem por Israel em Gaza. Porém outros cinco Ahmed Yassin nasceram ontem na cidade palestina, segundo autoridades hospitalares. São bebês cujos pais decidiram homenagear o homem que Israel considera um "arquiterrorista", fundador do movimento que já matou centenas de israelenses.
"O xeque Ahmed Yassin não morreu. Ele acaba de nascer", disse a palestina Ghada al Khudari, segurando o pequeno filho que foi batizado com o nome do líder do Hamas.
Para muitos palestinos, o clérigo muçulmano em sua cadeira de rodas simbolizava a resistência contra a ocupação israelense, iniciada em 1967.
Khaled, marido de Ghada, afirmou não ter nenhuma ligação com o Hamas, mas que admirava o líder espiritual do grupo que foi seu professor nos anos 80. "Eles [os israelenses] mataram Ahmed Yassin, o xeque, mas falharam ao tentar bloquear a vontade de Deus. Ahmed Yassin renasceu em Gaza", afirmou Khaled fazendo referência ao filho.
Para Khaled, Israel errou ao pensar que a morte de Yassin faria ruir o Hamas, que possui um amplo apoio entre as camadas mais pobres e os jovens em Gaza. "Se um Yassin foi morto, outros mil nascerão", afirmou Khaled, desempregado, assim como cerca de 50% da população palestina na miserável faixa de Gaza. O casal acrescentou que "se Deus nos der outro filho, os nomearemos Salah Shehada", líder do braço militar do Hamas que foi morto em ataque israelense contra o seu prédio na faixa de Gaza em 2002, junto com outras 15 pessoas.
"Nosso Ahmed Yassin será educado para seguir os passos do xeque", disse Alya, avó do bebê, enquanto oferecia doces e suco de laranja para os amigos que vinham visitar a criança.
As cidades e vilas da faixa de Gaza e da Cisjordânia observaram ontem o segundo dia de luto oficial, com o comércio e as escolas fechadas.
No principal estádio de futebol de Gaza, dezenas de milhares de palestinos foram prestar condolências pela morte de Yassin. Halima, mulher do líder do Hamas morto por Israel, disse na sua casa: "Nós contamos com Deus para nos vingarmos dos judeus, de seus colaboradores e de seus espiões".


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