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São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2003

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Para secretário, EUA vão rever relação com o país, que se opôs à guerra; Casa Branca ameniza tom de "ameaça"

França sofrerá consequências, diz Powell

DA REDAÇÃO

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse que a França sofreria consequências por ter se oposto aos EUA no que diz respeito à guerra contra o Iraque, mas Paris rejeitou a possibilidade, dizendo que a relação entre os dois países "amigos" era "forte". Horas mais tarde, a Casa Branca tentou amenizar o tom das declarações de Powell.
Em uma entrevista à rede de TV PBS anteontem à noite, Powell disse que os EUA teriam de rever sua relação com a França por causa da promessa de Paris de vetar qualquer resolução do Conselho de Segurança da ONU que autorizasse uma guerra contra o Iraque.
"Temos de examinar todos os aspectos de nossa relação com a França sob essa luz", disse Powell.
Questionado se Paris sofreria consequências por ter enfrentado os EUA, Powell respondeu: "Sim". Mas o secretário de Estado não deu mais detalhes.
Segundo um alto funcionário do governo dos EUA citado pela agência Associated Press, várias possibilidades de "punições" à França foram discutidas em uma reunião de assessores do vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, do secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, e da assessora para assuntos de segurança nacional do presidente George W. Bush, Condoleezza Rice, na segunda-feira.
Segundo ele, as possibilidades de punições seriam excluir a França de reuniões entre os EUA e seus aliados ou ignorar o Conselho do Atlântico Norte, o órgão "executivo" da Otan, do qual a França faz parte, e deixar as decisões das aliança militar ocidental nas mãos do Comitê de Planejamento da Defesa, o qual Paris não integra. A informação foi confirmada ontem por um alto funcionário do Departamento de Estado citado pela agência Reuters, que também não quis se identificar.
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, afirmou ontem que não podia comentar o que havia sido discutido na reunião, mas disse: "Vi algumas reportagens dizendo que o secretário Powell afirmou que a França deve pagar um preço ou que os EUA vão punir [Paris]. [Essas reportagens] são uma caracterização incorreta do que o secretário disse".
Fleischer afirmou, contudo, que as relações entre os EUA e a França haviam ficado tensas por causa da posição de Paris quanto à guerra contra o Iraque. "Essa é uma consequência com a qual teremos de lidar nas relações bilaterais entre França e EUA."
Questionado sobre "consequências futuras", Fleischer foi evasivo, mas afirmou que, "por causa dos valores comuns entre as populações e os governos dos EUA e da França, a aliança [entre os dois países] vai continuar".
Questionado sobre a possibilidade de uma retaliação dos EUA contra a França, o chanceler francês, Dominique de Villepin, respondeu: "Somos amigos, aliados, e nossa relação é forte. Não deveríamos falar de sanções, mas de amizade, e não deveríamos ser punidos por nosso apoio à legitimidade internacional."
Villepin, em visita à Jordânia, repetiu que a França era favorável à suspensão das sanções ao Iraque como passo inicial para levantá-las gradualmente. Fleischer reiterou, contudo, que para os EUA "as sanções devem ser eliminadas, não apenas suspensas".


Com agências internacionais


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