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Câmara aprova exceção em 5 departamentos do Paraguai
Medida precisa ainda de aprovação definitiva do Senado, o que deve ocorrer hoje
Regime foi pedido por Lugo anteontem, um dia depois da morte de 4 pessoas em uma emboscada atribuída ao grupo esquerdista EPP
DA REDAÇÃO
A Câmara dos Deputados do
Paraguai aprovou ontem a decretação de estado de exceção
em cinco departamentos, pedida na véspera em regime de urgência pelo presidente Fernando Lugo após a morte de quatro
pessoas na última quarta numa
emboscada atribuída ao EPP (o
Exército do Povo Paraguaio).
O texto, que já havia passado
no Senado anteontem, sofreu,
no entanto, alterações em relação ao aprovado na Câmara Alta, obrigando-o a retornar à
apreciação dos senadores -o
que deverá ocorrer ainda hoje,
em uma sessão extraordinária
convocada com essa finalidade.
O regime de exceção, se aprovado, se estenderá aos departamentos de Alto Paraguai, Concepción, Amambay -que têm
fronteira com o Brasil-, San
Pedro e Presidente Hayes, todos ao norte da capital Assunção, suspendendo as garantias
constitucionais por 30 dias e
permitindo ao governo emitir
mandados de prisão e proibir
os agrupamentos e protestos.
Lugo justificou a medida com
a necessidade de perseguir os
autores das mortes das quatro
pessoas -pelo menos um policial-, em Horqueta, no departamento de Concepción. Os crimes foram atribuídos ao EPP,
embora a guerrilha esquerdista
não tenha reivindicado autoria.
"Esses fugitivos do Exército
do Povo Paraguaio devem ser
capturados, pois todos os que
habitamos essa terra temos o
direito de viver tranquilamente", disse Lugo no Congresso ao
apresentar o pedido, anteontem. "A situação é de incerteza,
de alto índice de criminalidade
e de falta de segurança", disse,
segundo o jornal "ABC Color".
O presidente paraguaio pediu inicialmente que a medida
valesse por 60 dias -limite previsto pela Constituição-, mas o
Senado rebaixou a validade para a metade. A Câmara dos Deputados incluiu dispositivo que
proíbe pessoas detidas com base no estado de exceção de sair
do Paraguai como refugiados.
A medida do governo tem o
apoio dos governadores dos departamentos que estarão sob o
regime. Eles cobraram a eliminação da "célula criminosa".
O EPP é o mesmo grupo que
manteve o fazendeiro Fidel Zavala em cativeiro por mais de
90 dias -até janeiro deste ano,
quando foi libertado mediante
pagamento de resgate- e tem
histórico de ações que remete
ao menos ao início da década.
Para a Procuradoria-Geral
do Paraguai, a guerrilha é ligada
às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Segundo testemunhas dos
crimes da última quarta, os autores das mortes vestiam coletes à prova de balas e estavam
fortemente armados. O episódio fez Lugo cancelar visita à
Bolívia e convocar ministros
para reunião de emergência.
Durante os meses de sequestro de Zavala, a oposição utilizou o episódio para fustigar um
já debilitado Lugo, acusando-o
de leniência com a atuação do
grupo esquerdista. O presidente é proveniente do departamento de San Pedro, um dos alvos do pedido ao Congresso, e
ligado a movimentos sociais.
Alguns dos grupos que
apoiam o governo criticam a
aplicação de uma política linha-dura contra o EPP. Ontem,
congressistas opositores pediam ainda saída do ministro
do Interior, Rafael Filizzola,
acusado também de omissão.
Com agências internacionais
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