|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IUGOSLÁVIA
Pressionado por Estados Unidos e Europa, governo aprova decreto que regula cooperação com corte da ONU
Decreto permite deportação de Milosevic
DA REDAÇÃO
O governo iugoslavo aprovou
ontem um decreto que regula sua
cooperação com o tribunal da
ONU para crimes de guerra na ex-Iugoslávia e permite o envio de
suspeitos como o ex-ditador Slobodan Milosevic à corte em Haia
(Holanda).
O decreto diz respeito a "pessoas responsáveis por graves violações aos direitos humanos cometidas no território da ex-Iugoslávia desde 1991", disse o ministro
do Interior, Zoran Zivkovic. O decreto deve entrar em vigor hoje.
Milosevic e quatro de seus ex-colaboradores já foram indiciados pelo tribunal por crimes de
guerra cometidos em 1999 em
Kosovo, Província do sul da Sérvia, República que, junto com
Montenegro, forma a Iugoslávia.
Milosevic deteve o poder na Iugoslávia por 13 anos. Ele foi destituído por revolta popular em outubro passado após denúncias de
fraude na eleição contra o candidato oposicionista Vojislav Kostunica, o atual presidente do país.
O ex-ditador foi detido em abril,
acusado de corrupção.
Os reformistas da coalizão DOS,
majoritários no governo, decidiram aprovar o decreto apesar da
oposição de seus aliados do Partido Socialista do Povo (PSP), de
Montenegro. O decreto foi aprovado por oito votos a um. Os seis
ministros do PSP, que se aliou a
Milosevic no passado, boicotaram a votação de ontem e ameaçam renunciar.
Belgrado está sob forte pressão
dos EUA e da União Européia para mostrar disposição de cooperar com o tribunal da ONU antes
de uma reunião internacional de
doadores, esta semana, que deve
destinar mais de US$ 1 bilhão em
ajuda para o país, que atravessa
grave crise econômica.
Os EUA já deixaram claro que
só participarão da reunião na sexta-feira, em Bruxelas, se verificarem sinais de progresso na cooperação de Belgrado com o tribunal
da ONU.
Analistas acreditam que a Iugoslávia terá de fazer mais do que
apenas passar o decreto, como
entregar um ou mais suspeitos
antes da reunião de doadores, para satisfazer Washington.
Milosevic, figura central numa
década de guerras nos Bálcãs que
deixaram centenas de milhares de
mortos, divulgou uma nota desafiadora pouco antes da decisão de
ontem, negando as acusações de
crimes contra a humanidade levantadas pelo tribunal da ONU.
"O meu destino está ligado ao
destino do Estado e da nação. O
caso contra mim foi fabricado",
disse ele em nota divulgada por
seu advogado.
"Fiz tudo em benefício da nação
e do Estado, e foi difícil tomar decisões, mas sempre me inspirei na
nossa história gloriosa. Espero
que a história faça o julgamento
final", disse Milosevic.
A atual Constituição iugoslava
proíbe a extradição de cidadãos
do país. Os reformistas recorreram ao decreto após não conseguirem o apoio do PSP para aprovar uma moção no Parlamento federal regulando a colaboração
com o tribunal. O PSP disse que o
tribunal da ONU é contrário à Iugoslávia.
Desde a prisão de Milosevic, a
polícia sérvia já descobriu covas
com corpos do que se suspeita sejam vítimas de massacres em Kosovo. Analistas crêem que as descobertas minam ainda mais o já
reduzido apoio de Milosevic entre
os nacionalistas sérvios.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Outro lado: Entidade nega mudança de princípios Próximo Texto: Europa: Nova lei espanhola ameaça imigrantes brasileiros Índice
|