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DIREITOS HUMANOS
Organização se diz particularmente preocupada com alastramento do conflito pela vizinha Inguchétia
Anistia acusa russos de estupro e tortura na Tchetchênia
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Diferentemente da versão do
Kremlin, a situação na Tchetchênia, república secessionista situada no sudoeste da Rússia, ainda
não foi estabilizada, e as violações
aos direitos humanos cometidas
pelas forças russas estão se alastrando pela vizinha Inguchétia, de
acordo com relatório publicado
ontem pela Anistia Internacional.
"O segundo conflito na Tchetchênia desde o fim da URSS
[1991] já dura cinco anos. Apesar
das declarações oficiais de que a
situação está se normalizando aos
poucos, nada indica que o confronto esteja chegando ao fim ou
que as violações aos direitos humanos cometidas por ambas as
partes cessarão", disse à Folha a
assessoria de imprensa da AI.
Segundo o relatório, intitulado
""Normalização" aos Olhos de
Quem?", as forças de segurança
russas e tchetchenas pró-Moscou
"continuam a praticar impunemente violações aos direitos humanos". "Isso inclui assassinatos
extrajudiciais, "desaparecimentos", tortura, incluindo estupro, e
maus-tratos", diz o texto da AI.
"Só algumas famílias tchetchenas não foram afetadas pelos abusos cometidos pelas forças de segurança. Muitos homens desaparecem, e as mulheres são alvo de
tortura ou de estupro", afirmou a
assessoria de imprensa. O primeiro conflito recente na Tchetchênia
ocorreu entre 1994 e 1996.
O relatório foi publicado um dia
depois que supostos guerrilheiros
tchetchenos, considerados "terroristas" por Moscou, atacaram
imóveis governamentais na Inguchétia, matando 92 pessoas, ferindo 125 e forçando o presidente
russo, Vladimir Putin, a admitir
que seu governo não tem feito o
suficiente para proteger a região.
A situação da Inguchétia preocupa muito a AI. "Os abusos, que
ocorriam sobretudo na Tchetchênia, estão se alastrando pela Inguchétia. Nos primeiros meses de
2004, parece que houve um crescimento do número de "desaparecimentos" e de assassinatos na Inguchétia, afetando os tchetchenos
e a população local", diz o estudo.
A Inguchétia abriga cerca de 50
mil refugiados tchetchenos. Mais
de 50 mil tchetchenos e por volta
de 15 mil militares russos morreram por conta dos conflitos na região nos últimos dez anos. A AI
também acusa os guerrilheiros
tchetchenos de cometer atrocidades contra civis inocentes.
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