|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE OCUPADO
Um dia após assumir a decapitação de civil sul-coreano, grupo adverte Allawi e diz que matará mais estrangeiros
Terroristas ameaçam matar futuro premiê
DA REDAÇÃO
A uma semana de tomar posse,
o premiê interino iraquiano, Iyad
Allawi, foi ameaçado de morte em
uma gravação atribuída ao terrorista jordaniano Abu Musab Zarqawi, que também prometeu intensificar a campanha contra estrangeiros no país, após ter reivindicado a decapitação de um civil
sul-coreano, anteontem.
Um site extremista islâmico divulgou ontem a gravação contendo as ameaças, na qual o interlocutor se apresenta como Zarqawi.
"Quanto a você, Allawi -desculpe, o premiê democraticamente
eleito- achamos para você um
veneno útil e uma espada certeira", diz a voz atribuída a Zarqawi,
que, segundo os EUA, tem ligação
com a Al Qaeda. A fita segue afirmando que continuaria a "preparar armadilhas" até que o premiê
"beba do mesmo copo de Izzedin
Salim", uma referência ao presidente do extinto Conselho de Governo Iraquiano morto por um
carro-bomba em maio.
Mais tarde, uma segunda mensagem extremista foi divulgada na
TV Al Arabyia, que exibiu um vídeo no qual terroristas ameaçam
atacar Allawi caso ele cumpra sua
promessa de instaurar lei marcial
em algumas regiões do país a fim
de conter a violência.
O futuro premiê -um ex-membro do partido do ex-ditador
Saddam Hussein (Baath) e ex-colaborador da CIA (serviço secreto
dos EUA)- minimizou a ameaça. "Não nos importamos com essas ameaças, vamos continuar a
reconstruir o Iraque e a trabalhar
pela liberdade, pela democracia,
pela justiça e pela paz", disse um
porta-voz de Allawi. Em entrevista ao diário italiano "Il Giornale",
o premiê afirmou que Zarqawi
ameaça "todos os iraquianos", citando a série de ataques com carros-bomba neste ano. "Ele matou
centenas de iraquianos, prometeu
desordem e medo."
Allawi, que tem como maior
obstáculo ao seu governo a violência, pediu à Otan (aliança militar ocidental) que trabalhasse no
treinamento das incipientes forças de segurança iraquianas. O
pedido fica um tom abaixo da solicitação americana para que a
Otan atuasse na segurança do
país, vetada pela França e pela
Alemanha. O governo francês,
veemente opositor da guerra, disse que consideraria o pedido do
governo interino. A proposta deve ser levada a votação pelos
membros na próxima semana.
Decapitação
O assassinato do tradutor Kim
Sun-il pelo mesmo grupo que
agora ameaça o premiê interino
iraquiano causou protestos em
toda a Coréia do Sul.
Em Seul, cerca de 2.000 pessoas
fizeram uma vigília perto da Embaixada dos EUA, durante a qual
exibiram cartazes com os dizeres
"Não queremos morrer; soldados
coreanos, dêem o fora", aludindo
ao apelo final de Kim, e "Bush e
Roh mataram Kim Sun-il", referindo-se aos presidentes George
W. Bush (EUA) e Roh Moo-hyun
(Coréia do Sul).
Em um raro discurso televisionado, Roh disse ter o "coração
partido", chamou o assassinato
de "crime contra a humanidade"
e condenou o terrorismo, prometendo "lidar com ele junto com a
comunidade internacional".
Capturado no último dia 17 perto de Fallujah, Kim foi decapitado
-a ação foi filmada pelos terroristas, e o vídeo foi entregue à rede
de TV por satélite Al Jazira (Qatar), que cenas levou ao ar.
Os seqüestradores exigiam que
o governo sul-coreano revertesse
o envio de 3.000 soldados ao país e
retirasse suas tropas de apoio,
mas a demanda foi recusada.
Horas após o corpo de Kim ter
sido encontrado, o comando
americano disse ter matado 20
combatentes estrangeiros em
uma nova operação em Fallujah
contra um suposto esconderijo de
Zarqawi. No sábado, um ataque
semelhante na cidade, bastião do
regime deposto, deixou 22 mortos -terroristas, segundo os
EUA, ou civis, segundo a polícia.
Também ontem, uma mulher e
um menino morreram quando
uma bomba deixada por insurgentes explodiu em Bagdá.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Direitos humanos: Anistia acusa russos de estupro e tortura na Tchetchênia Próximo Texto: EUA estudam julgar Saddam antes de eleição Índice
|