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São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2003

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EUA dizem que exames confirmam mortes; anfitrião seria o delator

DA REDAÇÃO

Os EUA disseram ontem que exames de arcada dentária e radiografias confirmaram que dois dos quatro homens mortos em uma operação americana em Mossul (norte do Iraque) na véspera eram Uday e Qusay Hussein, filhos do ex-ditador Saddam Hussein. O anúncio anterior, feito anteontem, se baseava no reconhecimento visual.
As reações no Iraque foram divididas. Enquanto muitos saíram às ruas para comemorar, centenas de pessoas se reuniram no aeroporto de Bagdá e entoaram frases de apoio a Saddam quando os corpos de Uday, 39, e Qusay, 37, eram desembarcados. Muitos iraquianos, no entanto, estão céticos quanto à morte do segundo e do terceiro homem mais poderoso do regime, após Saddam.
Para reduzir os questionamentos, o secretário americano da Defesa, Donald Rumsfeld, anunciou na noite de ontem que os EUA divulgarão fotografias dos corpos, sem informar quando. Durante a guerra, os EUA protestaram contra TVs árabes que exibiram imagens de seus soldados capturados.
O general Ricardo Sanchez, comandante das tropas terrestres no Iraque, prometeu, em entrevista coletiva, provas à população iraquiana. Os correspondentes do "New York Times" presentes na coletiva tiveram acesso às fotos. Segundo eles, elas mostrariam os corpos a partir do tórax. As narinas e os olhos de ambos estavam encobertos por sangue.
Segundo Sanchez, a identificação de Qusay pela arcada dentária é 100% positiva. Já a de Uday é 90% positiva, mas radiografias do corpo comparadas às de Uday tiradas em 1996 confirmam se tratar do primogênito de Saddam.
Os dois foram mortos no segundo andar de uma mansão na zona norte de Mossul. Com eles estavam um segurança e Mustafa, 14, filho de Qusay. A casa foi cercada por 200 soldados e helicópteros. Recebidos a tiros de armas de baixo calibre, os soldados dispararam mísseis antitanque, tiros de metralhadoras e foguetes, invadindo a casa na sequência.
Sanchez disse ainda que os três adultos teriam morrido antes de os soldados invadirem a casa, nos ataques com mísseis. O adolescente foi o único a resistir até a invasão, tendo trocado tiros com os soldados antes de ser morto.

Delação
Segundo Sanchez, o paradeiro dos filhos de Saddam foi informado por um iraquiano que receberá US$ 30 milhões em recompensas.
Os moradores do bairro onde Uday e Qusay foram mortos apontam o xeque Nawaf al Zaydan Muhhamad -o dono da mansão- como o delator. Zaydan teria deixado a casa com a mulher e as filhas por volta das 6h30, despertando suspeitas. Ele voltou. Elas, não. Minutos antes da operação, que transcorreu a partir das 10h30, Zaydan saiu da casa acompanhado do filho e com as mãos na cabeça.
Os EUA anunciaram que seu informante está sob sua proteção. Indagado sobre a razão pela qual o informante precisava de proteção, o coronel Joe Anderson, um dos comandantes da operação, respondeu que "as pessoas sabem quem era o dono da casa".


Com agências internacionais


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