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IRAQUE OCUPADO
Principal articulador da resistência é o próprio Saddam, que segue vivo; fim do clã pode até aumentar ataques
Mortes não devem cessar ataques aos EUA
ROBERT FISK
DO "INDEPENDENT"
Em uma família obcecada, e
com bons motivos, pela segurança pessoal, será que Qusay e Uday
Hussein estariam realmente juntos na casa atacada em Mossul?
Será que se permitiriam cair em
uma armadilha? Os dois chamados "Leões do Iraque" teriam sido
pegos na mesma jaula?
Saddam passou seus anos de juventude como fugitivo da polícia.
Mas sempre viajou sozinho. Na
adversidade, sua família aprendeu a se manter separada, como
aconteceu durante a Guerra do
Golfo (1991) e durante a invasão
do Iraque de março passado.
Até mesmo no poder, Saddam e
seus filhos estavam sempre se escondendo. Mesmo que testes de
DNA provem que os corpos eram
dos filhos de Saddam, os iraquianos acreditarão? E isso levaria a
guerra de guerrilha a um fim? Primeiro, mesmo que Uday e Qusay
possam estar mortos, está claro
que Saddam continua vivo.
Ainda que Uday fosse tanto um
homem cruel quanto um psicopata, os filhos eram simples apêndices do rei, apenas assistentes na
caverna do monstro. Saddam
continua vivo. E sua voz continua
a ser ouvida em gravações, em todo o Iraque. É do destino dele que
os iraquianos querem saber.
Segundo, e muito mais importante, existe um mal-entendido
fundamental entre as autoridades
de ocupação norte-americanas no
Iraque e o povo cujo país elas estão ocupando. Os EUA acreditam
que toda a resistência aos pró-cônsules norte-americanos no
país seja composta por "remanescentes" dos seguidores de Saddam, por gente envolvida em "resistência amarga" ou "resistência
até a morte" -as expressões usadas pelos norte-americanos são
muitas. A teoria deles é a de que,
assim que a família Hussein for
decapitada, a resistência se encerrará. Mas os guerrilheiros que estão combatendo e matando soldados norte-americanos todos os
dias também estão sendo influenciados por um crescente movimento islâmico sunita que jamais
apreciou Saddam.
O mais importante, na verdade,
é que muitos iraquianos relutam
em apoiar a resistência por medo
de que o final da ocupação norte-americana envolva o retorno do
velho e repulsivo ditador. Se eles e
seus filhos estão mortos, as chances são de que a oposição à ocupação liderada pelos EUA cresça, em
lugar de diminuir. Afinal, com o
fim definitivo de Saddam, os iraquianos não teriam mais nada a
perder combatendo os norte-americanos.
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