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SUSTO
Mortes, aparentemente por conta de disputa política local, reabrem a discussão sobre o nível de cuidado tomado por autoridades
Tiroteio mata 2 na Prefeitura de Nova York
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Duas pessoas foram mortas a tiros ontem dentro da Prefeitura de
Nova York, cidade que vive há
quase dois anos sob alto alerta de
segurança por causa do medo de
novos atentados terroristas.
As mortes, aparentemente decorrentes de uma disputa política
local, reabrem a discussão sobre o
nível de cuidado tomado pelas
autoridades. Mais importante
prédio público da cidade, a prefeitura tem detectores de metais em
suas entradas, instalados durante
as obras de reforço da segurança
ocorridas após o 11 de Setembro.
Um dos mortos é um vereador
do Brooklyn (um dos distritos da
cidade) e fundador de um movimento contra a violência urbana.
James Davis, 41, teria sido morto por Othniel Askew, 31. Segundo a versão divulgada pela polícia
a partir do depoimento de testemunhas, Askew baleou o vereador durante uma sessão da Câmara Municipal, que funciona no segundo andar do prédio.
Em seguida, o próprio Askew
não resistiu a ferimentos sofridos.
As autoridades não sabem se ele
foi morto por um policial ou se
cometeu suicídio.
Os dois entraram juntos no prédio. Eles não passaram pelo detector de metais: os vereadores e o
prefeito de Nova York, Michael
Bloomberg, tinham a prerrogativa de não o fazerem, e Askew aparentemente se aproveitou da
companhia de Davis. A medida
foi revogada ainda ontem.
Davis entrara para a polícia em
1993, após apanhar de dois policiais brancos -ele era negro e assumira seu cargo de vereador em
2001. Askew pretendia concorrer
contra ele na eleição do Brooklyn,
mas um vereador disse que os
dois estariam entrando em acordo. A polícia disse não ter, por enquanto, outra hipótese além da
disputa política.
Por ser ex-policial, Davis tinha
licença para carregar uma arma, o
que fazia ontem. Bloomberg, porém, afirmou que sua arma não
teve participação no crime.
"O sistema matou meu irmão. É
o mesmo sistema que matou Malcom X. Vamos continuar a luta",
afirmou Jeffrey Davis, irmão do
vereador morto.
O tiroteio, que aconteceu pouco
depois das 14h locais (15h de Brasília), paralisou novamente o sul
de Manhattan -região onde ficavam as torres do World Trade
Center e que, no início do mês, tivera o trânsito suspenso por causa do temor de novos ataques.
Ontem, a polícia fechou diversas
ruas e a ponte do Brooklyn.
Bloomberg estava no prédio no
momento do tiroteio e se viu em
meio a grande confusão ao tentar
explicar o que se passava.
Inicialmente, disse que a polícia
ainda procurava o assassino -no
prédio e nas redondezas. "É um
ataque não só às duas pessoas. É
um ataque à democracia, a todos
os americanos", disse Bloomberg
na primeira entrevista coletiva.
Depois, quando investigadores
acharam as fitas que mostravam
os dois envolvidos entrando no
prédio sem passar pelo detector,
tentou explicar a situação, dizendo que a decisão era justificada
"do mesmo modo como pilotos
de avião não passam pelos detectores nos aeroportos."
"Vamos assegurar que todo
mundo passe pelo detector, inclusive eu. Tragicamente, vivemos
num mundo em que temos de
equilibrar a segurança e o direito
das pessoas de ir e vir. Quem não
passar pelo detector não vai entrar, ponto final", afirmou o prefeito nova-iorquino.
Com níveis de impopularidade
sem precedentes para os ocupantes do cargo, Bloomberg disse que
nada em sua vida fora pior do que
o aconteceu ontem. "Não penso
que tinha tido um dia tanto duro
em 61 anos quanto o de hoje. Um
político eleito de Nova York foi
morto aqui dentro da prefeitura",
afirmou ele, um empresário bilionário do setor de comunicações.
Depois das mortes, Bloomberg
se reuniu com os vereadores e pediu a eles que tentassem levar
uma mensagem à população:
"Ainda se trata de uma cidade
maravilhosa, e, claramente, o
mundo não é um lugar perfeito".
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