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São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2003

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ONU

País conquista assento rotativo

Brasil vê chance de ter vaga permanente no CS

CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

O Brasil conquistou ontem uma vaga como membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) por um período de dois anos. Agora, a ambição da política externa brasileira é obter um assento permanente no CS.
"É uma feliz oportunidade para o Brasil o fato de o seu mandato coincidir com o momento no qual o movimento por reformas na ONU está em andamento. Com certeza, a performance do Brasil no CS será um ativo importante em negociações futuras", disse à Folha Ronaldo Mota Sardenberg, chefe da missão brasileira na ONU.
A partir de 1º de janeiro de 2004, o Brasil herdará a cadeira que hoje pertence ao México. Será a nona vez que o Brasil ocupa essa posição nas Nações Unidas.
Para levar adiante o intenção brasileira de ter um assento permanente no CS, na avaliação de Sardenberg, será necessário trabalhar no âmbito da Assembléia Geral e também isoladamente com diversos países.
"As credenciais do Brasil são inegáveis. A realidade nos favorece. Há a percepção de que o Brasil tem uma atuação consonante com as aspirações da comunidade internacional", disse.
O embaixador brasileiro reconhece, entretanto, que não há consenso entre os países latino-americanos sobre a possibilidade de o país vir a ser o representante definitivo da região no CS. "Ainda há países indecisos e opiniões divergentes", declarou Sardenberg.
Parte da estratégia para reforçar a credibilidade do Brasil entre seus pares na instituição é saldar a dívida que o Brasil tem com a ONU. O débito acumulado só neste ano é de US$ 61 milhões, segundo Sardenberg. Até o final de 2003, o Brasil precisa efetuar um pagamento de US$ 24 milhões.
"Estamos nos esforçando para pagar um valor um pouco acima desses US$ 24 milhões. É uma questão vital para manter o equilíbrio político do país", argumentou o embaixador.

Fase inicial
Por enquanto, porém, as mudanças da ONU ainda estão em fase inicial. Um painel formado por intelectuais estuda as reformas e deverá apresentar um relatório sobre o assunto no final de 2004. Sardenberg se mostra otimista. "Acredito que teremos alguma reforma até o final de 2005".
Na votação de ontem na Assembléia Geral da ONU, o Brasil recebeu a aprovação de 177 dos 182 votantes presentes. A candidatura brasileira já havia sido endossada pelo Grulac (grupo regional da ONU que reúne os países da América Latina). O país foi o único candidato indicado pela região.
Argélia, Benin, Filipinas e Romênia são os outros novos membros não-permanentes escolhidos pela Assembléia Geral da ONU ontem.


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