São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2004

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Cortes de impostos beneficiam bastante as maiores empresas

DE WASHINGTON

Com lucros 22% acima do nível de 2000, as maiores empresas americanas pagaram neste ano o menor volume de impostos em três anos. Os setores mais beneficiados pelos cortes de impostos foram o aeroespacial e o militar, o das telecomunicações e o dos transportes.
De um lado, Bush é considerado um "keynesiano extremo" por usar a política orçamentária frouxa pregada pelo economista John Maynard Keynes (1883-1946) para tempos de crise. Bush aumentou gastos, cortou impostos para empresas respirarem e teve durante um longo período juros básicos de 1% ao ano.
De outro, Bush é visto como um partidário da clássica frase atribuída a Ronald Reagan (1911-2004) sobre problemas deixados para depois: ""O que, algum dia, a posteridade já fez por mim?"
Após assumir a Presidência com superávit fiscal projetado em US$ 5,6 trilhões em dez anos, Bush levou os EUA aos maiores déficits fiscal e externo da história.
Para o economista Peter Peterson, os EUA precisam corrigir logo essa situação, que ameaça o dólar. Ele vê a necessidade de uma correção radical dos déficits para que investidores não comecem a abandonar as aplicações em títulos dos EUA, que hoje financiam o país.
O déficit em conta corrente (externo) dos EUA cresceu rapidamente nos anos Bush. No último trimestre, atingiu 5,7% do PIB. Esse quadro permite que os EUA consumam muito mais do que produzem, importando a crédito de outros países.
Apesar de tudo, o fato é que Bush assumiu a Presidência com a economia dos EUA em uma crise que atingiu seu pior ponto depois de 11 de setembro de 2001.
Mas, um ano depois, os EUA cresceriam 1,9%. Em 2003, mais 3%. Neste ano, uma taxa de 4,3% é considerada conservadora.
O país perdeu cerca de 2,8 milhões de empregos, mas criou outros 1,8 milhão nos últimos 20 meses. Ainda assim, Bush deve ser o primeiro presidente desde Herbert Hoover -que presidiu em pleno período da crise de 1929- a terminar seu mandato com menos trabalhadores empregados do que havia quando assumiu.
A renda per capita aumentou 7% sob Bush, para US$ 27,1 mil ao ano. Apesar disso, sua política econômica aumentou a desigualdade social. Em 2003, o número de pobres foi engrossado por 1,3 milhão de pessoas.
Mas, segundo o FMI, sem os últimos anos de crescimento sustentado nos EUA, toda a economia mundial estaria hoje em maus lençóis.(FERNANDO CANZIAN)

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