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AMÉRICA LATINA
Ex-presidente é acusado de ter omitido conta bancária de US$ 600 mil na Suíça; ele nega acusações
Justiça argentina bloqueia bens de Menem
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
O juiz federal argentino Norberto Oyarbide determinou ontem o
bloqueio total dos bens de Carlos
Menem (1989-99), em processo
que investiga a suposta existência
de uma conta bancária na Suíça,
não declarada pelo ex-presidente
argentino, em que estariam depositados US$ 600 mil.
Oyarbide havia disposto um
embargo de 1,5 milhões de pesos
(cerca de R$ 1,5 milhões) sobre os
bens do ex-presidente, que está
sendo processado por "omissão
maliciosa de bens". O bloqueio foi
determinado depois que Menem,
em depoimento à Justiça de La
Rioja, negou possuir bens para
cumprir o embargo.
"É uma medida muito grave
porque afeta todo o patrimônio e
o proprietário não pode dispor
dos bens", explicou Oyarbide.
O juiz ordenou ainda a avaliação de outros bens que pertenceriam a Menem, como uma propriedade no bairro portenho de
Belgrano e três aeronaves.
Segundo informações de diários argentinos, citando fontes judiciais, Oyarbide já tem uma lista
de bens identificados como propriedade de Menem, entre os
quais estariam 26 lotes em Chilecito (norte da Argentina), duas
casas em La Rioja, três carros e
um avião Cessna.
A conta na Suíça não aparece
nas declarações de renda do ex-presidente, que, no entanto, admitiu sua existência em uma entrevista à TV CNN em 2003.
Na ocasião, Menem afirmou
que o dinheiro se referia a indenização recebida por ter sido vítima
da repressão durante a última ditadura no país (1976-83). O ex-presidente alegou que a conta estava nos nomes de sua ex-mulher,
Zulema Yoma, e de sua filha, Zulema Eva. As duas negam.
Se condenado por esse caso,
Menem pode ser inabilitado para
o exercício de cargos públicos.
No ano passado, Menem se retirou do segundo turno das eleições
quando as pesquisas indicavam
sua derrota frente ao atual presidente, Néstor Kirchner.
Investigações
Carlos Menem, cujo governo foi
marcado por escândalos de corrupção, enfrenta uma série de
processos judiciais dentro e fora
da Argentina.
Na Suíça, ele é investigado pela
existência de contas bancárias
com recursos procedentes de
operações ilegais que formam
parte de várias causas, como lavagem de dinheiro e corrupção.
Em 2001, o ex-presidente chegou a ficar em prisão domiciliar,
em decisão sobre causa em que
era acusado de liderar uma rede
ilegal de contrabando de armas
para o Equador e a Croácia entre
1991 e 1995, em violação a embargo das Nações Unidas.
Na ocasião, o juiz federal argentino Jorge Urso determinou um
embargo no valor de 3 milhões de
pesos, mas Menem respondeu
que não tinha bens suficientes.
Em uma decisão polêmica da
Suprema Corte argentina, Menem foi liberado devido à falta de
provas, mas ainda está sob investigação.
O ex-presidente também aparece implicado no caso que investiga o atentado terrorista, em 1994,
à sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em
Buenos Aires, quando morreram
85 pessoas.
Menem é acusado por uma testemunha-chave de ter negociado
com o Irã, por meio de um emissário, um pagamento no valor de
US$ 10 milhões em troca de que
não se acusasse o país de participação. O ex-presidente nega todas as acusações.
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