São Paulo, domingo, 25 de março de 2001

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Importação pode atingir 180 t em 2001

DA REDAÇÃO

Os EUA importaram do Peru 90,7 toneladas de coca no ano passado, a US$ 270 mil, segundo dados da Empresa Nacional da Coca (Enaco), estatal peruana responsável pelo comércio legal da planta. Pode parecer muito em termos absolutos, mas representa apenas 3,59% de toda a coca produzida legalmente no Peru em 2000. A Enaco não tem dados sobre a produção ilegal de coca, usada para a fabricação de cocaína.
O restante da produção peruana, que não é exportada, é consumida no mercado interno. No Peru, assim como na Bolívia, o consumo de folhas de coca nas formas tradicionais -mascada ou em forma de chá- é permitido.
Segundo a Direção Geral da Coca (Digeco, congênere boliviano da Enaco), as exportações de coca da Bolívia para os EUA, que em 1995 foram de 204 toneladas (a US$ 607,5 mil), caíram para 45 toneladas (US$ 120 mil) em 1999. No ano passado, a Bolívia não exportou coca.
Os EUA prevêem utilizar legalmente, neste ano, até 180 toneladas de folhas de coca, segundo uma estimativa enviada à Jife (Junta Internacional Fiscalizadora de Entorpecentes), órgão da ONU que controla a execução da legislação internacional sobre drogas. Isso representa 99,4% de toda a estimativa para o comércio legal internacional do produto para este ano.
A entrada da coca nos EUA é autorizada pela DEA (o departamento de controle de drogas norte-americano), que exerce uma dura fiscalização. Segundo a DEA, qualquer empresa interessada em importar coca para uso comercial ou de pesquisa nos EUA pode fazer uma solicitação, avaliada pelo órgão de acordo com as leis norte-americanas.
As relações históricas entre a Coca-Cola, destinatária final das folhas de coca importadas pelos EUA, e os órgãos de controle de drogas norte-americanos nem sempre foram harmoniosas.
Segundo o relato da história da companhia feito pelo jornalista Frederick Allen no livro "Secret Formula" (fórmula secreta), por diversas vezes houve tentativas, por parte de funcionários desses órgãos, de restringir ou proibir a venda de Coca-Cola nos EUA.
Em 1930, o então presidente da companhia, Robert Woodruff, chegou a viajar para o Peru para se certificar da possibilidade de produzir por lá o extrato aromatizante "descocainizado" utilizado na fórmula do refrigerante no caso de o governo dos EUA proibir ou limitar a importação de folhas de coca para o país.
Com a ajuda de um amigo senador, Woodruff conseguiu que o governo norte-americano permitisse a importação de uma quantidade ilimitada de folhas de coca, desde que a Coca-Cola se comprometesse a eliminar totalmente a cocaína da mistura antes de incluí-la no refrigerante. (RW)


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