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Resistência será maior que a do Iraque
RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha
As forças da Iugoslávia prometem ser alvo mais difícil para os
americanos e seus aliados do que
foram os iraquianos na Guerra do
Golfo (91). O motivo não é a quantidade dos efetivos ou a qualidade
do equipamento, mas circunstâncias que limitam a eficácia dos ataques e seu potencial político.
A Otan pretende minimizar baixas. Por isso os primeiros alvos são
a defesa antiaérea inimiga. E por
isso se utilizam primeiro os mísseis Tomahawk -cada um custando perto de US$ 1 milhão.
O problema é que os mísseis não
são tão poderosos como as bombas dos aviões, além de terem uma
precisão variável. Acertar as bases
aéreas iugoslavas é relativamente
fácil. Mais difícil é colocá-las fora
de ação permanentemente. Como
se viu na guerra com o Iraque, seu
reparo pode ser rápido.
E mais difícil ainda é acertar mísseis antiaéreos móveis, como o velho SA-6 de fabricação russa. E ao
contrário dos mísseis iraquianos,
os iugoslavos não estão em um deserto. Suas tropas têm boa cobertura para se esconderem, o que limita a eficácia dos ataques.
Em compensação, em combate
aéreo, prevê-se fácil vitória da
Otan, graças a aviões-radar e de
comando/controle como os
Awacs, melhor equipamento e
treinamento.
Os americanos e seus aliados já
têm vasta experiência em lidar
com material bélico ex-soviético.
Mas, mesmo assim, perdas acontecem. Em 1991, os iraquianos abateram 38 aviões da coalizão liderada
pelos EUA, e danificaram 48.
De 17 de janeiro a 28 de fevereiro
de 91 foram feitas 118.661 "surtidas" (saídas de aviões) pelos americanos e seus aliados. Na Força
Aérea dos EUA, as baixas foram irrisórias: uma perda de 0,4 avião
para cada mil surtidas de ataque.
Os mísseis e seus radares podem
ser desviados e destruídos por
contramedidas eletrônicas e mísseis anti-radar. Os milhares de canhões são mais perigosos. Apesar
de não terem a mesma precisão,
podem criar "muros" de granadas
no caminho dos atacantes.
As perdas foram mínimas em
1991 graças à decisão de concentrar bombardeios em altitudes médias. Isso diminuiu muito os danos
causados por mísseis de curto alcance e canhões de tiro rápido.
Uma das lições reaprendidas então foi o grande risco que correm
aviões ao atacar em baixa altitude
alvos bem defendidos, como bases
aéreas. Os Tornado britânicos mudaram seu modo de ataque depois
de perdas em ataques rasantes, corajosos, mas relativamente inúteis.
A primeira fase dos ataques, portanto, deve repetir o que foi feito
com o Iraque: "ataque integrado
projetado para demolir na totalidade o sistema de defesa aéreo iraquiano a nível nacional", afirmou
um relatório oficial americano.
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