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"Só coalizão detém autoridade", diz general americano; Bagdá e Kut já têm "prefeitos" autoproclamados
EUA fazem ameaças a líderes iraquianos
DA REDAÇÃO
Iniciada a corrida para estabelecer uma nova administração no
Iraque pós-Saddam Hussein, os
militares americanos já advertiram os líderes locais de que quem
manda no país é a coalizão anglo-americana -e somente ela.
A preocupação dos EUA é que o
vácuo aberto pela derrubada do
regime de Saddam no último dia 9
leve líderes locais a aproveitarem
a confusão política no país para
tomar o poder. Alguns líderes civis já se proclamaram "administradores" ou "prefeitos" de cidades como Kut e Bagdá.
"A coalizão sozinha detém a autoridade absoluta dentro do Iraque", afirmou ontem o general
americano David McKiernan, comandante das forças terrestres no
Iraque. Segundo ele, quem desafiar essa autoridade estará sujeito
a prisão. Da mesma forma, os
EUA rejeitam um governo islâmico no país, como defendem líderes dos xiitas, cerca de 60% dos 23
milhões de habitantes. A ditadura
de Saddam, um sunita, era laica.
Prefeitos autoproclamados
O general da reserva Jay Garner,
chefe da administração provisória
americana, chegou a Bagdá na segunda-feira, mas ainda não assumiu o poder na cidade, onde a
presença militar americana é esparsa. Com isso, abriu-se espaço
para grupos banidos pelo regime
de Saddam -como comunistas
ou extremistas xiitas- tomarem
o poder em alguns bairros.
Em Kut, Sayed Abbas Fadhil,
um clérigo xiita, se proclamou
prefeito após ter sido "eleito" por
uma comissão de religiosos, professores e lideranças civis não ligadas a Saddam -fatos não confirmados pelos EUA.
O "prefeito" conta com um pequeno exército particular. "Não
podemos deixar que os americanos nos tirem do poder", disse.
A ascensão de Fadhil é semelhante à de Mohammed Mohsen
Zubaidi, general oposicionista
que viveu anos exilado e se proclamou prefeito de Bagdá após o
início da guerra, em 20 de março.
Zubaidi -que não despacha na
prefeitura da cidade, mas no hotel
Palestine- já nomeou um vice-prefeito e um comissário de polícia, ignorando ordens americanas, e chegou a anunciar o envio
de uma delegação iraquiana à cúpula da Opep (Organização dos
Países Exportadores de Petróleo)
nesta semana em Viena.
Os EUA reagiram enviando a
ele a declaração de McKiernan e
dizendo que não tem autoridade
para nomear ninguém.
Já Fadhil centrou sua ação em
Kut na infra-estrutura, o que lhe
rendeu maior simpatia dos americanos -ainda que o marines
não reconheçam seu governo, alegando não terem autoridade para
empossar prefeitos.
Chalabi vigiado
Além de Zubaidi e Fadhil, os
americanos estão atentos aos movimentos de Ahmed Chalabi -o
líder do grupo oposicionista Congresso Nacional Iraquiano que viveu anos exilado nos EUA, tido
inicialmente como o preferido pelo Pentágono para governar o país
após a saída da coalizão.
Cercado por um exército particular de 700 homens, Chalabi se
instalou em um clube de Bagdá e
conta com o apoio do Departamento da Defesa americano para
obter um papel de maior destaque no governo interino.
Nos últimos dias, as autoridades
americanas alegam que ele e Zubaidi têm reivindicado a autoria
de melhorias na região de Bagdá
para conquistar a opinião pública
à custa da coalizão.
"Vamos mandá-los parar de interferir. E, se precisarmos, vamos
prendê-los", afirmou o general
britânico Albert Whitley.
Com agências internacionais
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