UOL


São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Garner prevê novo governo em uma semana

DA REDAÇÃO

O general da reserva americano Jay Garner, 65, encarregado da administração do Iraque ocupado pelas forças da coalizão anglo-americana, declarou ontem que pretende formar seu gabinete e começar a trabalhar já na próxima semana.
Já o governo interino iraquiano -que deve fazer a ponte entre o governo transitório liderado pela coalizão e um governo iraquiano eleito, à semelhança do modelo usado no Afeganistão- seria empossado no início de junho, quando expira o prazo do programa da ONU Petróleo por Comida, afirmou o jornal americano "The Washington Post".
Segundo essa versão, discutida na Casa Branca anteontem, a produção de petróleo do país seria então retomada e usada para custear a reconstrução.
No entanto a coalizão ainda esbarra em dificuldades -sendo a principal delas a recusa de clérigos xiitas em participar de um governo laico, como exigem os EUA.

"Cor local"
Garner chegou a Bagdá segunda-feira e seguiu para dois dias de viagem pelo norte do Iraque, região dominada pelos curdos. A recepção na volta à capital ontem foi fria, apesar do aparente esforço do general para cativar os iraquianos.
"Acho que vocês começarão a ver o início do processo governamental já na próxima semana. Mais para o fim da próxima semana", disse Garner em uma entrevista coletiva.
"Haverá rostos iraquianos nele. O governo será dos iraquianos", afirmou o general, na tentativa de dar uma "cor local" a um governo que será gerido essencialmente pela coalizão, à semelhança do antigo modelo colonialista.
Garner disse já ter coordenadores para cada pasta e afirmou que, no momento, trabalha na alocação dos ministérios, já que Bagdá foi, em grande parte, destruída pelos bombardeios da coalizão e pelos saques da população.
O general falou após se reunir com 60 autoridades iraquianas -em sua maioria, professores. Nos próximos dias, ele deve participar de novo encontro.

Chalabi rechaçado
Questionado sobre Ahmed Chalabi, o líder do grupo oposicionista Congresso Nacional Iraquiano que viveu anos exilado nos EUA e inicialmente foi visto como o candidato preferido do Departamento da Defesa dos EUA, Garner respondeu: "Chalabi não é meu candidato nem o candidato da coalizão [para presidir o Iraque]".
O general disse que pretende "encerrar a ocupação americana o mais rápido possível" e "ter iraquianos governando o país". "Nosso propósito em seu país é criar o ambiente para que vocês possam começar um processo de governo que leve a um Iraque democrático."
O general está instalado no Palácio da República em Bagdá, onde vivia o ex-ditador Saddam Hussein, e ofereceu ontem um churrasco à moda americana para cem pessoas.


Com agências internacionais


Texto Anterior: EUA fazem ameaças a líderes iraquianos
Próximo Texto: EUA sofrem críticas por falta de planejamento para o pós-guerra
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.